Manchete do Jornal do Brasil informando sobre a posse de Ciro Gomes como Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e sua intenção de acelerar as privatizações e a dar continuidade ao receituário neoliberal e ao processo de abertura da economia iniciado por Collor.

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Descendente do clã dos Ferreira Gomes, família ligada à oligarquia sobralense desde o Período Colonial, Ciro cresceu entre políticos. Seu tio-bisavô, Vicente Cesar Ferreira Gomes, foi o primeiro prefeito da cidade de Sobral — cargo também exercido pelo avô e pelo pai.

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José Euclides, pai de Ciro Gomes, era egresso da reacionária UDN e filiado à ARENA — partido oficial da ditadura militar. Ciro Gomes ensaiou sua estreia na vida pública concorrendo às eleições da UNE pela chapa de direita "Maioria".

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Após o fim do bipartidarismo, Ciro filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), sucessor legal da ARENA, que reunia a maioria das lideranças políticas ligadas à ditadura. Elegeu-se deputado estadual pelo PDS em 1982, mas migrou para o PMDB já no ano seguinte.

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Na nova legenda, aproximou-se do empresário Tasso Jereissati, seu futuro mentor e presidente do Centro Industrial do Ceará. Reeleito em 1986, Ciro apoiou a candidatura de Tasso ao governo cearense. Com a vitória de Tasso, assumiu o cargo de líder do governo na Assembleia.

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Ciro Gomes apoiou a agenda de austeridade, privatizações e corte de gastos públicos implementada por Tasso no governo do Ceará. Em 1988, seguindo os passos do mentor, deixou o PMDB para ingressar no recém-criado PSDB, dissidência capitaneada por Franco Montoro.

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Eleito prefeito de Fortaleza em 1988, iniciou o processo de saneamento das contas do município, mas renunciou ao cargo 15 meses após a posse, visando concorrer ao governo cearense. Venceu em primeiro turno, tornando-se o primeiro governador eleito pelo PSDB.

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Sua gestão deu continuidade à agenda liberal de Tasso, enfrentando forte oposição dos sindicatos e dos movimentos sociais, por ter arrochado salários e terceirizado serviços públicos. Não obstante, Ciro obteve bons índices de aprovação e avanços sociais significativos.

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O governo de Ciro Gomes também é apontado como corresponsável pela falência da fabricante de automóveis brasileira Gurgel. Ciro rompeu o acordo com a empresa que previa a instalação de uma fábrica para produzir a parte motriz dos veículos em Fortaleza.

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A falência da Gurgel beneficiou as montadoras estrangeiras.

Após o impeachment de Collor, o PSDB passou a compor a base de apoio do governo de seu sucessor, Itamar Franco. Ciro Gomes foi então indicado para assumir o Ministério da Fazenda, substituindo Rubens Ricupero.

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A gestão neoliberal empreendida por Ciro, marcada pela redução da máquina pública, foi sua principal credencial. Já na 1ª reunião com Itamar, Ciro se comprometeu a aprofundar o programa de liberalização, avançar a pauta das privatizações e financiar a produção agrícola.

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Ciro buscou retomar a venda de estatais, cujos leilões haviam sido suspensos por irregularidades. Os bancos públicos foram o principal alvo de Ciro, que chegou a chamá-los de "excrecências": "Minha opinião é que é uma excrescência o Estado ter um banco", afirmou.

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Ao lado de Pedro Malan, presidente do Banco Central, Ciro coordenou a intervenção no Banespa e no Banerj, objetivando "sanear" as constas da instituições e prepará-las para a privatização. Também defendeu a privatização da Companhia Vale do Rio Doce.

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A passagem de Ciro Gomes pelo Ministério da Fazenda foi igualmente marcada pela privatização da Embraer. A estatal foi vendida pelo valor irrisório de 154 milhões de reais, a despeito dos relatórios indicarem potencial de faturamento de até 900 milhões de dólares anuais.

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Ciro foi o principal agente da desregulamentação e da "abertura" do mercado nacional, reduzindo as taxas de importação de 445 produtos, medida que teve enorme impacto negativo no parque fabril brasileiro e aprofundou o processo de desindustrialização.

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Como um dos formuladores do Plano Real, Ciro adotou medidas de apreciação cambial que prejudicaram ainda mais a competitividade dos produtos manufaturados brasileiros, acelerando a quebra das indústrias nacionais e encerrando a longa tradição de balança superavitária.

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Alegando preocupação com o controle inflacionário, Ciro manifestou forte oposição às propostas de elevação do salário mínimo para cem reais e interveio junto ao governo para impedir a concessão de aumento salarial aos petroleiros.

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A controversa gestão de Ciro no Ministério da Fazenda seria o seu "calcanhar de Aquiles" na eleição presidencial de 2002, quando o ex-ministro, já filiado ao PPS (sucessor legal do PCB), tornou-se vice-líder nas pesquisas, chegando a ameaçar a liderança de Lula.

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Candidato da coligação formada por PPS, PDT e PTB, Ciro cortejou o apoio do Partido da Frente Liberal (PFL), aproximando-se de Jorge Bornhausen e do senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), a quem defendeu por ocasião do escândalo da violação do painel eletrônico do Senado.

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Na mesma ocasião, Ciro passou a defender Roseana Sarney, filha de José Sarney e governadora do Maranhão, que havia sido implicada em um escândalo de corrupção na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

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Ciro obteve apoio dos pefelistas, mas passou a sofrer ataques sistemáticos de seu ex-colega de partido, José Serra, que o acusou de desindustrializar o Brasil ao promover uma abertura indiscriminada da economia. Ficou em 4º lugar na eleição, angariando 12% dos votos.

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