Há 34 anos, em 15 de outubro de 1987, o revolucionário Thomas Sankara era assassinado em meio ao golpe militar orquestrado por Blaise Compaoré, pondo fim à experiência socialista em Burquina Fasso.

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Thomas Sankara nasceu em 21 de dezembro de 1949 em Yako, na antiga colônia francesa de Alto Volta. Ingressou aos 17 anos na Academia Militar de Kadiogo, em Ouagadougou.

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Sob a orientação de um tutor marxista, teve seu primeiro contato com leituras sobre imperialismo, neocolonialismo, socialismo e movimentos autonomistas. Posteriormente, cursou a Escola Militar Interafricana de Antsirabe, estudando economia e sociologia.

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Após retornar ao seu país, Sankara se consagraria nacionalmente graças à sua participação na Guerra da Faixa de Agacher, um conflito entre Alto Volta e Mali que ele classificaria algum tempo depois como "uma guerra inútil e injusta".

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Seu tempo era dividido entre os estudos, trabalho e a atividade de guitarrista e líder de uma banda de soldados e cabos chamada "Jazz Tout-à-Coup".

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Em 1976, Sankara assumiu o cargo de comandante do Centro de Treinamento de Pô e criou uma organização militar secreta chamada "Grupo de Oficiais Comunistas". Em 1981, ele foi Nomeado Ministro da Informação do regime militar de Saye Zerbo.

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Contrariando a tradição de censura e ações antidemocráticas da pasta, Sankara incentivou o jornalismo investigativo e independente. Isso levou o governo de Zerbo a demiti-lo e prendê-lo junto com os demais militares que compunham o "Grupo de Oficias Comunistas".

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Sankara, entretanto, era muito popular e sua prisão resultou em grande insatisfação popular. A insatisfação generalizada rapidamente se converteu em uma crise política, culminando na chamada Revolução de 1983, liderada por Blaise Compaoré.

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Saye Zerbo foi deposto e Thomas Sankara, libertado, foi conduzido ao cargo de presidente de Alto Volta. Fundamentado nos princípios socialistas e anti-imperialistas, o governo de Thomas Sankara operou transformações sociais sem precedentes no continente africano.

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Ele renomeou seu país como Burquina Fasso ("Terra dos Íntegros"), abandonando a antiga denominação colonial francesa, e buscou blindar a nação contra a interferência dos organismos internacionais.

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Reduziu dramaticamente a dívida externa, recusou as ofertas de ajuda das potências ocidentais e retirou o país do FMI e do Banco Mundial. Ordenou a construção de estradas e ferrovias e nacionalizou todas as terras e recursos minerais burquineses.

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Criou iniciativas sociais para combater a miséria e erradicar a fome. Conduziu um amplo programa de reforma agrária que distribuiu terras a milhares de camponeses e instituiu metas para atingir a autossuficiência econômica.

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O governo Sankara criou uma bem sucedida campanha nacional de alfabetização, responsável por construir 350 escolas e aumentar a taxa de alfabetização em mais de 60%.

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Na área da saúde, implementou um dos maiores programas de imunização do continente, vacinando mais de 2,5 milhões de crianças burquinesas contra a meningite, o sarampo e a febre amarela.

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Sankara também coordenou uma das mais importantes iniciativas de reflorestamento e combate à desertificação do Sahel, plantando mais de 10 milhões de árvores. Sua gestão foi igualmente revolucionária na pauta dos costumes.

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Sankara proibiu a mutilação genital feminina, baniu os casamentos forçados e a poligamia. Nomeou diversas mulheres para cargos no alto escalão do governo e criou campanhas para incentivá-las a estudar e trabalhar, além de implementar auxílios para as grávidas.

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Apesar dos grandes avanços promovidos pelos programas sociais e de sua imensa popularidade com as camadas mais pobres da população de Burquina Fasso, Sankara enfrentou forte oposição dos setores mais conservadores da sociedade burquinesa e de governos estrangeiros,…

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…sobretudo Costa do Marfim, Togo, França e Estados Unidos. Despojados de antigos privilégios, como a arrecadação de tributos e o trabalho forçado, a elite e a classe média burquinesas passaram a fomentar revoltas populares e conflitos internos.

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Por fim, os serviços secretos da França e dos Estados Unidos, funcionários da Costa do Marfim e quadros reacionários das forças armadas burquinesas orquestraram um golpe de Estado, sob a liderança do antigo aliado de Sankara, Blaise Compaoré.

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Em 15 de outubro de 1987, Thomas Sankara foi assassinado, alvejado a tiros pelas costas. Sua morte encerrou o ciclo de progressos da Revolução de 1983, restaurando o poder das elites tradicionais.

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Apenas uma semana antes de sua execução, Sankara proferiu uma frase de cunho premonitório: "Embora revolucionários, como indivíduos, possam ser assassinados, não há como matar uma ideia".

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