Quando ao som de uma estrada
encontrares o caminho do sol,
lembra-te dos pássaros,
que feriram teus ouvidos,
te pedirão que voltes
para que possam cantar
ao teu novo ouvir. https://easythink.com.br/2020/10/30/sem-nome/">https://easythink.com.br/2020/10/3...
Quando ao som de uma estrada

encontrares o caminho do sol,

lembra-te dos pássaros

que feriram teus ouvidos,

te pedirão que voltes

para que possam cantar

ao teu novo ouvir.

Lembra-te, também, do fel;

o fel que tanto te ajudou,

que deu um tom amargo

às tuas palavras,
forçando-te a exalar um hálito tosco,

orgulhoso e egoísta,

te pedirá, então, que voltes

para sentir a doçura da tua voz.

Não te esqueças das pedras;

aquelas mesmas que te impulsionaram,

fazendo com que teus pés chorassem de dor

e tuas feridas fugissem do teu corpo,
te pedirão que voltes todo o teu caminho,

retirando-as da tua frente,

para que sintam, assim,

a maciez dos teus passos.

Faça o mesmo com as palavras;

elas que tanto te impeliram,

ferindo, mortalmente, teu ego,

te pedirão, ainda, que voltes

mostrando teu novo palavrear,
para que te sintam pleno.

Ah!... e também as mãos!

Não te esqueças das mãos;

aquelas que te agrediram

para um futuro que imaginavas precioso,

atingindo-te a face e fazendo-te revidar,

espalhando o teu sangue,

que à época era um tanto valioso,
te pedirão, também, que voltes,

mais uma vez, todo o teu caminho,

para que possam energizarem-se nas tuas.

Depois que tiveres feito tudo isso,

depois que tiveres morrido para o conhecido

tantas vezes quanto preciso,

depois de diluir-te, dissolver-te, espraiar-te,
reconhecerás que és tão imenso,

que seguirás sem paradeiro,

e seguirás sem nome.
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