Tenho evitado a última polêmica teológica daqui, mas o receio de um mal entendido para quem o enxerga de fora me levou a postar essas breves palavras. Elas se dirigem, então, especialmente a você: interessado em teologia, mas não habituado ao ambiente teológico.
Ouvindo a fala geradora da polêmica e algumas de suas defesas você pode imaginar que o X da questão é a utilidade da Bíblia no enfrentamento de dilemas atuais. Elas não dizem, mas podem sugerir, que há 2 grupos de teólogos: os poucos descolados que acreditam que a Bíblia é útil,
e os tradicionais dinossauros que acreditam que não. ATENÇÃO: isso não é verdade. A esmagadora maioria dos teólogos tradicionais, para não dizer todos, acredita que a Bíblia foi escrita, não apenas para os crentes do seu tempo, mas para os crentes se todas as épocas e lugares.
É matéria de fato para os teólogos tradicionais, o entendimento de que o seu trabalho não se resume a entender o sentido da mensagem bíblica, mas inclui relacionar essa mensagem aos dilemas enfrentados por sua época e ouvintes. A questão é que...
...existem termos muito cristalizados no debate teológico para se referir ao desafio do teólogo de relacionar a mensagem bíblica aos dilemas contemporâneos, como por exemplo: "aplicação" ou "contextualização". "Atualização", definitivamente, não é um termo comum aqui.
Quando, portanto, um teólogo se vale de uma expressão como "atualizar a Bíblia", há boas chances dele estar se referindo a mais do que à utilidade da mensagem bíblica para o mundo contemporâneo; talvez, ele esteja falando da necessidade de rever o sentido da própria mensagem.
Abra o olho. E, se for isso mesmo, foge. Estar disposto a negociar o sentido da mensagem bíblica não é coisa pouco importante.