Um amigo branco, hétero e de classe média me deu a acesso a um grupo de direita formado por pessoas com esse mesmo recorte social e demográfico. Nesse fio vou relatar a minha experiência e o que concluí a respeito.
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1 - São pessoas que trabalham muito. Entre oito e 12 horas por dia. Mas não prosperam. Geralmente culpam o Estado e os impostos por isso. Nunca o sistema capitalista. Críticas ao capitalismo são consideradas "comunismo". Acreditam na meritocracia.
2 - Todos se ressentem da forma como são vistos pela esquerda. Principalmente porque carregam as mesmas frustrações e problemas de quem a esquerda defende. Então há sempre uma sensação de "porque eu, que me mato de trabalhar, sou o inimigo?".
3 - É aí que a direita age. Porque ela não aponta o dedo na cara, mas dá o ombro para essas pessoas chorarem. No sentido de "Tá vendo? A gente não te odeia igual os esquerdistas. Pelo contrário, a gente é legal contigo".
4 - Ao mesmo tempo cresce entre esse segmento as teorias de conspiração, a ufologia e as teorias místicas e de auto-ajuda. Como o mundo e o materialismo dialético já não dão respostas é preciso recorrer ao pensamento mágico.
5 - É um segmento que não absorve a comunicação de esquerda. Porque o que chega da comunicação de esquerda para ele é a radicalização. Ou ele retratado como inimigo (homem, branco, hétero), o medo da Venezuela ou a iconoclastia anti-religiosa. Nunca os projetos de governo.
6 - E aí a gente chega a principal consequência disso: a criação de um grupo totalmente insular, com um poder de voto imenso e que caminha a passos largos para a radicalização política. Não no sentido da violência, mas de se afastar das propostas de centro e de esquerda.
7 - Sem entender isso e como isso gera uma demanda por severidade (alguém tem que "dar um jeito") e por qualquer tipo de mudança (taí a "anti-política") não vai ser possível ter qualquer avanço político ou eleitoral. Pelo menos não a médio e longo prazo.