Sobre vacinas.

Tudo até indica que os estudos fase III sairão em poucas semanas e serão positivos... teremos vacinas em breve.

A solução definitiva da pandemia.

Me preocupa, no entanto, o rumo que as coisas podem tomar.
Talvez uma clara comunicação, respeitando as dúvidas e inseguranças das pessoas, possa ser suficiente para não vivermos tempos mais turbulentos.

A população brasileira quer tomar a vacina. Nossos programas de vacinação estão entre os melhores do mundo.
Basta justificar a necessidade e mostrar sua segurança que a adesão será ótima, como de costume.

Muito dessa responsabilidade é nossa, médicos e cientistas.

Não é hora de usar o tema pra atacar um grupo político ou outro.
Sem a vacina, improvável controlar a epidemia no Brasil.

Sem a vacina, impossível erradicarmos a doença.

Talvez o pouco tempo necessário para o desenvolvimento trouxe desconfiança, principalmente nas vacinas de RNA ou DNA.
Esse desenvolvimento rápido só foi possível por uma enorme confluência de características favoráveis do vírus e de estarmos estudando e aperfeiçoando esses tipos de vacinas há muitos anos.

A plataforma para criação delas já estava pronta quando a doença chegou
Quanto ao virus, felizmente ele é bastante estável e necessita da proteína S para entrar nas células. Anulando essa proteína, praticamente tudo se resolve.

A imunidade frente a infecção pelo SARS-CoV-2 é robusta e parece duradoura. Já conhecemos o alvo principal.
As vacinas de RNA ou DNA usam a proteína S para gerar resposta imune.
Após domínio da tecnologia, elas são incrivelmente fáceis de fazer.

Por tudo isso, a vacina tende a promover uma resposta imune protetora ainda melhor que a natural.
As informações sobre a fisiopatologia estavam claras desde o início da pandemia. Era possível perceber que teríamos as vacinas ainda em 2020.

Outros pontos de polêmica:
- não obrigação pelo governo federal
- vacina chinesa
Em relação a obrigar ou não a população: discussão totalmente desnecessária e improdutiva na minha opinião.

O povo quer tomar a vacina. Basta mostrarmos os estudos de eficácia e segurança. E darmos o exemplo.
Creio que será muito dificil o livre acesso a outros países, estádios de futebol, shows e talvez escolas sem que tenhamos tomado alguma vacina. Deverá haver algum tipo de necessidade formal.
E sobre a vacina chinesa, produzida em parceria com Butantã (CoronaVac), trata-se de um tipo mais tradicional. Vírus inativado.
Diferente da técnica empregada pelas Oxford, Pfizer, Moderna, J&J.

Sua produção é mais difícil pois envolve cultivar o vírus e depois inativá-lo.
Apesar da técnica mais trabalhosa - os processos e etapas de segurança são mais demorados - está também em vias finais de estudo. O fase II foi um pouco menos animador se comparado com as supracitadas mas deve funcionar bem também.
De acordo com os calendários anunciados pelas empresas, a vacina de Oxford (que foi a escolhida pelo governo federal e será produzida pela Fiocruz) deve publicar seu fase III em poucas semanas. Se eficácia e segurança OK, já deve ser liberada para uso.
Um apelo: chamar as pessoas que estão inseguras com a vacinas (principalmente a chinesa) de anti-vaxxer é contribuir com a confusão.

Importante lembrar que muitos divulgadores científicos disseram que não haveria vacina até 2022... seria injusto agora acusar o público leigo.
Mais fácil que obrigar alguém a usá-las é mostrar as informações com clareza e paciência.

Se mesmo assim alguém não quiser tomar a CoronaVac por algum motivo mais, digamos, subjetivo... outras opções não vão faltar.

Sem motivo para mais brigas, polarizações ou histeria.
E lembrando: tomamos vacinas por nós e pelos outros. Possíveis riscos relacionados a vacina são muito menores que da doença...

Apenas teremos segurança e confiança para voltarmos completamente ao normal com a vacinação.

Estou a disposição para ajudar.
Abs e bom fim de semana!
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