A Lava Jato uniu todos os brasileiros do bem pela esperança na efetiva limpeza do país. Pela primeira vez na história, políticos e empresários corruptos foram responsabilidades pela roubalheira indiscriminada, que alimentava um projeto totalitário de poder.
O ex-juiz Moro simbolizou tal movimento, atraindo apoio amplo. A eleição de Bolsonaro foi um voto pela mudança do sistema corrupto. A entrada de Moro nesse projeto seria mais um sinal nesse sentido. O eleitor depositou o voto e achava que estava "tudo resolvido".
Essa foi a deixa para o sistema corrupto se reorganizar, utilizando seu controle sobre quase tudo que está fora do Executivo para criar leis e tomar decisões contrárias à Lava Jato. Defensores de medidas mais duras e foco na limpeza foram chamados de "extremistas"...
... por muitos dos "lavajatistas" da Nova Esquerda. Ao que parece, o próprio Moro mantinha essa opinião, ao apoiar a perseguição aos "bolsonaristas". Na verdade, hoje fica claro que Moro nunca teve afinidade com a agenda conservadora. Me pergunto qual foi seu real interesse?
Lembrando, uma das primeiras coisas que ele fez no Ministério foi chamar o Karnal para dar uma palestra. Depois, convidou a globalista Ilana Szabó para um conselho. Demonstrou reservas sobre a expansão da posse e porte de armas.
Apoiou todas as medidas restritivas de liberdade individual por conta da epidemia. Conforme suas crenças políticas vão ficando mais conhecidas, podemos ver que ele tem um perfil socialista light, estilo PSDB. Ora, por que então ele aceitou fazer parte de um governo conservador?
Não acredito que ele tenha entrado para "combater a corrupção". Me parece que houve o interesse de manter viva a Lava Jato como uma força política autônoma, tanto para se lançar como candidato no futuro, quanto para proteger os integrantes da operação de questionamentos.
Dada a forma da sua saída, tentando cavar um pênalti contra Bolsonaro, talvez o objetivo tenha sido entrar para dinamitar o governo, mesmo. Ninguém minou mais a Lava Jato do que o Legislativo e o Judiciário. Por que ele nunca criticou esses poderes, como fez com Bolsonaro?
Ao sair do governo e apoiar a perseguição aos seus apoiadores, Moro acabou enfraquecendo a Lava Jato e favorecendo especialmente o PT. Muitos das "ataques" às "instituições" foram feitos em defesa do próprio Moro e da Lava Jato, pra quem não se lembra.
Sem as redes sociais para fazer pressão contra o sistema, por medo justificado das pessoas com a perseguição em curso e com um governo mais fragilizado, o establishment tem a faca e o queijo na mão para não só acabar com a LJ, mas também anular condenações.
Obviamente que apontar Bolsonaro como responsável pelo desmonte da LJ faz parte já da propaganda eleitoral para 2022 ou até antes disso, caso a derrubada do presidente seja efetivada. Moro aparecerá como o candidata da Nova Esquerda limpinha e da extrema-imprensa, Globo à frente.
Até aqui, o plano não deu muito certo porque Moro e a Nova Esquerda acreditavam que o capital político do ex-juiz era maior. O problema foi que a acusação de "intervenção na PF" por parte do presidente foi tão forçada que pouca gente caiu na narrativa e se sentiu traída.
De qualquer forma, o movimento teve ganhos para Moro e o pessoal da Nova Esquerda: protegeu uma franja da PF mais ligada ao ex-juiz e derrubou alguns aliados do presidente, como o ministro da educação, fortalecendo a perseguição aos "bolsonaristas".
Não há dicotomia entre defender a Lava Jato e denunciar o desvio de Moro. É muito fácil se colocar de forma genérica contra a corrupção, sem avaliar a situação objetiva do país e os players envolvidos. Talvez esse seja o maior erro do pessoal "bem intencionado" da Nova Esquerda.
Também não é correto tratar qualquer político ou personagem nessa guerra como acima de qualquer suspeita, além de impossibilitado de cometer erros. Por exemplo, vejo Bolsonaro cometendo equívocos e já aponteis muitos, especialmente envolvendo o seu time jurídico.
Sobre os ataques à Lava Jato, obviamente que são muitos interesses escusos por trás. Porém, o comportamento de Moro sugere que ele não é o santo incorruptível que todos nós acreditávamos que ele fosse. A operação amealhou armas fortíssimas para uso político.
A quem essas armas estão servindo? Teve alguém protegido nesse processo todo? A única coisa realmente grave que observei naquelas mensagens criminosamente roubadas da Lava Jato foi a troca entre Moro e Dallagnol sugerindo uma espécie de proteção a FHC, por exemplo.
Também ganha destaque as revelações feitas por @hfmagnus5 , o homem que iniciou a Lava Jato com as denúncias contra José Janene e seu doleiro, Alberto Youssef. Magnus questiona o motivo de certos alvos políticos terem sido deixados de lado ou inocentados.
Não devemos deixar de apoiar aquilo que a operação fez de correto, como a condenação de mais de uma centena de bandidos poderosos, especialmente Lula, o grande chefe do esquema. Mas não podemos cair no discurso simplista de qualquer crítica à operação ser defesa de corruptos.
Nesse jogo de espelhos, é difícil saber quem está defendendo o bem comum, e quem está operando em causa própria. Mas, há uma regra simples para fazer tal identificação: quem está efetivamente sendo perseguido pelo sistema e quem está sendo protegido e beneficiado por ele.
De qualquer forma, espero que os desdobramentos dos últimos meses tenham deixado claro que o Brasil precisa ser refundado. Nosso atual sistema político está completamente contaminado e não será a eleição de um conservador na presidência que resolverá o problema.
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