Se liguem,

sobre America Latina e Negritude:
Podem existir amplas visões e debates, mas não podemos recorrer ao essencialismo nem de afirmar que todo negro brasileiro é latino-americano, nem que ser negro e latino-americano são coisas distintas, porque?

América-Latina não é uma divisão territorial, mas é sobretudo um discurso político de afirmação.
No texto "América-Latina: da construção do nome à consolidação da ideia" de Rafael Leporace Farret e Simone Rodrigues Pinto, os autores tratam da origem da expressão (

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Eles trazem que primeiro o termo foi colocado a partir das disputas econômicas e políticas entre e intra Europa e os EUA nos planos do Imperialismo e do Colonialismo.
Inicialmente a tentativa de se construir uma identidade política anti-EUA não incluía o Brasil

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O enraizamento cultural de países ex-colônias se afirmou também num plano político.

A emergência da Revolução Cubana modificou por exemplo parte do cenário, pois modificou parte do curso do imperialismo estadunidense e europeu às Américas; (

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No Brasil a construção de uma Identidade Política Latina em comum acordo com outros territórios ficou a cargo das forças anti-Estado (partidos de esquerda, movimentos sociais, povos originários, etc.)

Nunca teve total concordância no interior desses movimentos e povos. (

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Sempre discutem onde encaixa a negritude nisso tudo, e daí é sempre importante resgatarmos Lélia Gonzales que em "A categoria político-cultural de Amefricanidade" trás uma discussão muito boa sobre a construção de uma identidade de negros e povos originários das Américas (

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Ela não deixa as Áfricas de fora, ao contrário centraliza a sua importância na construção de nossa identidade sem perder as Américas de vista.
De nada adiantaria rejeitar o território da América e a Colonização se está última segue em curso e a primeira é o locus. (

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É possível rejeitar o conceito de América-Latina, mas é uma das estratégias políticas a sua ressignificação histórica para caber as lutas raciais também de um ponto de vista anti-imperialista e anti-colonialista. (

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Não dá para usar da crítica ao conceito tratando o preto que se reivindica como tal como o problema e muito menos impondo uma falsa impossibilidade de concordância teórica e metodológica. (

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A construção do conceito de Amefricanidade parte da percepção que para além da territorialidade, aquilo que o colonizador nomeou de América trás uma série de relações históricas, culturais linguísticas, políticas reessignificados pelos corpos e olhares em diáspora. (

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Sendo assim, é uma importante contribuição ao debate, visto que, sim, é possível reessignificar também o conceito de Ámerica-Latina, levando em consideração as marcas das Áfricas em nossa história, dos povos originários daqui e de todas as resistências e movimentos (

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Cada território nas Américas tem história própria e nutrem histórias em comum. Nem nossa visão de ser negro caberia em todas talvez, por isso se faz necessário também uma identidade nossa e uma identidade em comum. O termo? É afirmação política vinda de muita luta e história.
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