Eu aposto: você não sabe quase nada sobre o que acontece na China. Mas deveria.

E se quer saber o motivo, saca só isso aqui:
1.439.209.789 pessoas moram nesse lugar.
1 em cada 5 pessoas que habitam este planeta.
Nenhum continente, fora a Ásia, tem tantos habitantes quanto a China.

Isso mesmo: continente.
Há mais pessoas morando nesse círculo azul do que fora dele.

E esse círculo azul é dominado pelas decisões de um país: eles chamam de Zhōngguó, o Reino do Meio - você conhece apenas como China.
Se a gente dar um zoom no mapa, esse aqui é um mar com 1,35 milhão de km².

90% do comércio mundial é feito pelo mar.

Mais da metade dos navios de pesca do mundo estão nessa área.

1/3 do volume do comércio marítimo global dá as caras aqui. Mais de US$ 5,3 trilhões em navegação.
Como você deve imaginar, o que acontece nesse espaço está diretamente relacionado com o que se passa no seu país.

47,2% de tudo o que a gente produz e vende pra fora do Brasil acaba nesse continente aí: a Ásia.

E quem domina a economia da região?

Pois é, você já sabe.
A China concentra quase 20% da riqueza mundial.

Das 500 maiores empresas do mundo, 119 estão sediadas na China. O Brasil tem 8.
https://fortune.com/global500/2019/search/?hqcountry=China

28% de tudo o que a indústria produz no mundo está na China. Ninguém chega sequer perto disso.
E veja: sequer estou falando de uma população rica, com um grande poder de consumo.

Os chineses são em média mais pobres que os mexicanos, os búlgaros e os tailandeses - na média, tão ricos quanto os habitantes da Bielorrússia.
Um chinês é hoje, em média (corrigindo o custo de vida) mais pobre do que um americano em 1980. Na média, quase tão rico quanto um brasileiro.

A distância para os países ricos ainda é imensa - mas vem diminuindo, e eles aumentarão ainda mais esse protagonismo nos próximos anos.
A Forbes publica a expressão "perigosamente muito dependente" para definir a nossa relação com a China.
https://www.forbes.com/sites/kenrapoza/2020/06/04/brazil-is-back-to-being-a-china-story/#15e4ef822f88

É como um casamento: a cada 1 ponto percentual de queda no PIB chinês, a gente perde 0,2 do nosso.

Nós apostamos as nossas fichas neles.
Mês passado, por exemplo, a gente bateu o segundo maior embarque mensal de soja da história: um aumento de 45% no ano.

74% desse volume foi parar na China.

https://www.spglobal.com/platts/en/market-insights/latest-news/agriculture/060220-brazils-may-soybean-exports-jump-45-as-chinas-robust-demand-persist
A verdade é que nenhum outro país exerce mais influência no seu emprego, no seu salário, na grana que o seu governo tem disponível para investir em serviço público, na natureza do seu país, na atividade dos seus políticos - dos ideológicos à bancada rural - do que a China.
E essa influência não é só aqui.

O que acontece na China afeta o mundo inteiro.

Essa aqui é a quantidade de vezes em que o presidente dos Estados Unidos repetiu a palavra China na última eleição:
É só olhar ao seu redor.

Você usa celulares, aplicativos, roupas, notebooks, televisores e refrigeradores Made in China.

E ainda que prefira marcas de outros países, inevitavelmente consome semicondutores, circuitos integrados, peças e acessórios produzidos por esses caras.
E apesar disso, o que você sabe sobre eles?

O que ouviu além de "comunismo", "Muralha" e "yakissoba"?

O que conhece sobre a história chinesa?

Quantos jornalistas brasileiros você segue que escrevem com frequência sobre o que se passa nesse país tão importante?
Esse é um dos meus desafios, razão por que escrevo um pouco sobre esse assunto no Twitter e muito nas newsletters do @spotniks:
https://spotniks.com/assine/newsletter/

Não é possível interpretar o mundo, e o que acontece no Brasil, sem entender o que se passa na China.
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