1. A política real não se desdobra numa caixinha fenomenológica com condições ideais de temperatura ou pressão, sem qualquer atrito ou força oposta; do mesmo modo, governos não são tão coesos quanto gostaríamos e uma ação pode ser abortada ou se tornar mal-sucedida por isso.
2. Diariamente, um sem-número de idéias, grupos e forças exercem pressão sobre os tomadores de decisão, tentando emplacar perspectivas, escolhas e ações específicas. O grupo mais atento e que se revele mais capaz em conjugar a pressão constante com a manutenção do acesso vence.
3. Vem daí a importância de encontrar meios p/ que o povo brasileiro em geral, e o movimento conservador em especial, encontrem o ponto de equilíbrio entre a crítica madura e a manutenção do apoio consciente aos atores capazes de dar concretude às suas pautas e aos seus anseios.
4. É preciso entender melhor a dinâmica do processo decisório dentro do governo, identificando a composição das forças capazes de exercer pressão e influência durante esse processo e trabalhar para tornar o movimento conservador uma das mais importantes variáveis nessa equação.
5. Não podemos esquecer que, na política, o que importa mesmo é o longo prazo, um período muito maior do que o tempo de duração de nossa geração. Estude a ascensão do conservadorismo nos EUA e você se dará conta do que estou falando — e de quantas frustrações ainda podemos ter.
6. Sem a consciência disso, não será possível ao movimento conservador se organizar, se tornar relevante e evitar que seus planos sejam abortados, que as ações de seus representantes se concretizem numa direção oposta aos seus interesses e que até sua existência seja ameaçada.
7. Todos conhecem a situação que vivemos. Não é necessário, portanto, repetir o diagnóstico nem descrever mais uma vez os abusos que enfrentamos; é necessário trabalhar para criar as condições para que a situação atual seja revertida e para que os abusos cessem.
8. E, depois dos últimos desdobramentos e frustrações, está claro que isso depende de nós, o povo, e não de uma instituição ou de um único indivíduo, independente do cargo que ele ocupe. Ou nós salvamos a nossa nação ou ninguém salvará — essa responsabilidade é intransferível.