Deixa eu tentar dar um pouco de esperança a vocês:
Rodrigo Maia não deve ter passado esses 4 dias pensando, mas conversando. E coisas de fato mudaram após esse discurso, mas chegaremos a elas.
Rodrigo Maia ainda não aceitou um único dos mais de 30 pedidos de impeachment protocolados. Mas também não virou notícia que tenha engavetado um único.

Na prática, tem mais de 30 cartuchos em cima da mesa.
E por que não aceita? Porque talvez não precise. Não falta crime comum de Jair Bolsonaro. E um afastamento por crime comum seria mais simples, uma vez que o julgamento não fica a cargo de 81 senadores, mas de 11 ministros do STF.
Ainda assim, precisaria passar pela Câmara. E, antes, precisaria que Augusto Aras ofereça a denúncia. Mas voltarei a isso mais adiante, pois preciso antes apontar o que me chamou a atenção.
Neste cenário, eu diria que a coisa caminha para que Bolsonaro seja afastado por crime comum. Celso de Mello trabalha por este caminho e anda com "sangue nos olhos". Assim, iria se despedir do STF derrubando um presidente fascista num voto histórico referendado por unanimidade.
As provas, vocês mesmos viram, são robustas, são cristalinas, o país inteiro as conhece, a maioria do país já surgiu em pesquisa concordando que está claro que Bolsonaro interferiu na independência da PF em benefício próprio.

Isso é muito maior que pedalada fiscal e Fiat Elba.
A cassação soa um plano B, até porque exigiria uma tramitação maior que fatalmente renderia uma eleição indireta em 2021, o que é até bom, pois afasta o risco de um Carluxo ser eleito, e ainda o risco de gerar uma segunda onda da pandemia numa eleição direta.
E impeachment? Um plano C pouco factível pois já viria após duas eventuais derrotas e próximo da eleição seguinte.
Eu entendo o medo de um governo Mourão. Até 2017, falava abertamente em intervenção militar. E há todos o trauma da ditadura militar. Mas ele governaria sem apoio da esquerda, por motivos óbvios, e sem apoio da direita, que seguiria ressentida com a queda de Bolsonaro.
Em outras palavras, vislumbro uma espécie de governo Temer II, mas com alguns escândalos de corrupção a menos. Um presidente que toca uma reconstrução, uma agenda de reformas, mas termina sem popularidade até mesmo para buscar a reeleição.
O gargalo para isso acontecer se chama Augusto Aras. Desde maio de 2019, está cristalino que Jair Bolsonaro, em troca de proteção contra as investigações que o alcançam, prometeu a vaga de Celso de Mello a André Mendonça, e a de Marco Aurélio a Augusto Aras.
Para que esse roteiro que tracei se torne possível, será necessário fazer promessa semelhante a ambos. Do contrário, Dias Toffoli, que manuseia as cordinhas por cima da dupla, continuará sabotando qualquer tentativa de encurtar este governo insano.
Mas acho possível. Pois todos sairiam ganhando, e só a família Bolsonaro sairia perdendo. É uma oportunidade boa demais para ser jogada fora.
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