Che, racismo e neocolonialismo

Você, ao ver o título desse fio, deve pensar: Jones vai argumentar que Che não era racista? Não, não vou seguir esse caminho. Para perguntas erradas não existem respostas certas. Vamos para o caminho certo. Ao final da Segunda Guerra Mundial +
começa o maior processo de luta anticolonial da história da humanidade. África e Ásia são palcos de lutas revolucionárias e questionamentos radicais aos regimes racistas, de apartheid e coloniais. Focado na África, o país conheceu grandes movimentos anticoloniais como +
pan-arabismo, movimento negritude, pan-africanismo marxista etc. Na África negra, a maioria dos líderes anticoloniais eram marxistas ou no mínimo simpáticos ao socialismo e a URSS. E mesma no Magreb, onde a influência marxista foi menor, basta lembrar de nomes como Fanon +
os países que conheciam a libertação do colonialismo, ou os partidos e movimentos anticoloniais fortes mesmo antes da independência, se agrupavam no movimento terceiro-mundista e dos não alinhados. Basicamente esses movimentos congregavam todos os antiimperialistas do mundo +
com uma linha mais ampla que o marxismo, mas as principais figuras eram, sem dúvidas, marxistas. Nesse período do auge das lutas anticoloniais, penso nos anos 60, 70 e 80, o maior símbolo da rebeldia terceiro mundista era Ernesto Che Guevara. Che era símbolo de luta +
em toda África. No Congo, África do Sul, Angola, Moçambique, Zimbabué, Cabo Verde etc. era possível ver líderes reivindicando o pensamento de Che, usando seus símbolos, sua imagem. Che era símbolo mundial de antiimperialismo, anticolonialismo e ANTIRRACISMO. Basta dizer que +
Samora Machel, Fanon, Amilcar Cabral, Lumumba, Mandela, Steve Biko, Eduardo Mondlane, Thomas Sankara, Kwame Nkrumah, Sékou Touré e tantos outros falavam abertamente de Che como referência, citava suas reflexões, a Revolução Cubana e Cuba mandou soldados e ajuda para os +
os movimentos de luta contra o racismo, colonialismo e imperialismo em África. Não se conta a vitória da luta anticolonial nos países lusófonos, ou a derrota do apartheid na África do Sul, sem falar da contribuição cubana. Inclusive, o último grande líder revolucionário +
Thomas Sankara, citava Che o tempo todo, usava uma boina parecida com a dele, adotou a mesma palavra de ordem "Pátria ou morte" e era chamado de "Che Negro" e Sankara gostava dessa referência. Como se vê, anos atrás, esse discurso de Che racista não era aceito. Como mudou? +
a partir dos anos 80 começa a contrarrevolução neoliberal e anticolonial. Os movimentos de libertação em África são praticamente todos derrotados. E começa uma nova era de neocolonialismo, brutalidade, fome, doenças e intensa exploração dos monopólios ocidentais.
para concretizar esse domínio econômico e geopolítico, porém, era preciso empreender uma batalha também no campo cultural. Apagar certos nomes da história africana, como Sékou Touré, tratar outros como pós-modernos, como Fanon, e demonizar referências anticoloniais, como Che +
nessa operação de morte do anticoloniais e antiimperialismo, os discursos de Che como assassino, monstro, que já rolavam desde os anos 60, não davam efeito. Que fazer? Surge a ideia genial de focar em questões de opressões, o tema do momento nos anos 90. A partir de então +
Che começa a ser retratado como racista, homofóbico, machista, misógino. O foco é claro: nomes como Tito perdem importância, outros como Fidel e Mao atacamos como ditador e totalitário, mas Che, e sua estética de guerrilheiro da liberdade, atacamos pelo viés anti-opressão +
o objetivo? Bem óbvio: fortalecer o neocolonialismo, a exploração e o RACISMO. Note, Karl Popper em 1992 na revista alemã Der Spiegel, disse que libertamos os estados africanos cedo demais, e que é como deixar crianças em casa sem um adulto para cuidar. Esse discurso +
racista e colonialista em 1970, por exemplo, não seria aceito. Em 1992 já era. Hoje é ainda mais. Tudo isso faz parte de um amplo processo de reescrita da história, de apagar a história do colonialismo e lutas anticoloniais, e demonizar os líderes ou apagar sua história +
então, quando alguém, especialmente alguém negro, chega e fala que Che era racista, que Che odiava negros, ele pensa que está sendo crítico, antirracista, mas na realidade, ele repete o discurso do imperialismo, da burguesia branca dos países ocidentais e ajuda +
a legitimar no plano histórico, cultural, simbólico e ideológico o neocolonialismo e o racismo e por tabela, ajuda a ocultar a história de luta dos milhões de homens e mulheres de África que deram sua vida na luta anticolonial tendo Che como exemplo de resistência!
É isso. Acabei!

Busquem conhecimento!
Ps: vou pegar esse fio, corrige o português e postar como texto em algum site para ficar mais fácil o compartilhamento. Já já faço isso
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