Hoje é dia de Santa Sara Kali, padroeira dos ciganos. É incomensurável - e pouco conhecida - a relevância dos ciganos na nossa história, desde o período colonial, quando ciganos do grupo Calon fugiram de Portugal para escapar da Inquisição e chegaram ao Maranhão. Segue o fio.
No Rio de Janeiro, os ciganos se estabeleceram entre o Campo de Santana, o Valongo e o Campo dos Ciganos (atual Praça Tiradentes). Atuavam no mercado de escravos, liam a sina nas linhas das mãos, eram ferreiros, latoeiros e ourives, comercializavam cavalos (+)
e atuavam também como oficiais de justiça, os chamados meirinhos. Foram estigmatizados como supersticiosos, ladrões de crianças, golpistas e ladravazes. Ao mesmo tempo, povoam o nosso imaginário como amantes da liberdade, misticos, sabedores dos secretos da magia. (+)
Enquanto diversos povos reivindicam o pertencimento à terra como elemento constituidor da identidade, os ciganos reivindicam o contrário: a liberdade de saber que o território cigano é uma barraca velha que pode ser armada em qualquer lugar. O país do cigano é o seu corpo (+).
Quanto a Santa Sara, uma tradição diz que ela foi parteira auxiliar de Maria no nascimento de Jesus. Outra afirma que que era uma auxiliar de Maria Madalena. (+)
Santa Sara teria sido lançada ao mar, após a crucificação de Cristo, ao lado de Maria Salomé, Maria Madalena e Maria Jacobina, em um barco sem remo e sem qualquer mantimento, para morrerem. (+)
Sara rezou e prometeu que se elas se salvassem, passaria o resto da vida com a cabeça coberta por um lenço. Milagrosamente, Sara e as Marias chegaram à costa da França, onde a tradição diz que foram acolhidas por um grupo de ciganos. (+)
Para as ciganas, Santa Sara é a protetora da maternidade, atendendo às mulheres que tentam engravidar e buscam um bom parto. É costume cigano agradecer aos pedidos atendidos colocando diklôs (lenços coloridos) aos pés da santa. (+)
Há quem veja também a forte ligação entre o desamparo de Santa Sara, lançada ao mar em um barco à deriva, e o nomadismo dos ciganos, caminhantes sem destino certo. A santinha, aliás, protege todos os desamparados e sem rumos certos. (+)
Em louvor a Santa Sara e aos ciganos, vai aqui o sambaço de 1992 da Unidos do Viradouro.
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