A matéria da Reuters louvando o último Czar colonial de Hong Kong é um dos tantos exemplos de como ignorância histórica facilita o domínio ideológico. Explico! Como não sabemos porra nenhuma, no geral, sobre a história do colonialismo moderno, é mais difícil qualquer debate +

político ter um sentido histórico concreto e prático. Por exemplo, a Coreia do Norte é uma democracia? É impossível debater isso a sério sem conhecer a história do colonialismo no país. Afinal, o debate sobre democracia passa pelo passado do país e seu histórico. Assim como +

a maioria do se que chama de "conflitos tribais" em África tem nada de tribal. Foram criações modernas, via de regra no século XX, e não heranças do passado pré-colonial. Aí tudo vira ou culpa do país atrasado e bárbaro ou uma análise sem materialidade histórica. Outro exemplo +

Stálin, em 1923, já apontava, com base na experiência da Rússia, o papel do islamismo como fator de organização e luta dos povos periféricos e colonizados. Durante a primeira parte do séc. XX teve muito força um islamismo progressista, popular e antirracista. Aí o imperialismo +

investiu pesado em apoiar setores fundamentalistas, reacionários e abertamente anticomunistas para combater a ligação do islamismo com o terceiro mundismo. Desde Nasser no Egito passando por Mossadegh no Irã e Gaddafi na Líbia, todos enfrentaram grupos fundamentalistas +

financiados e apoiados pelo Ocidente - especialmente Inglaterra e depois Estados Unidos. Aí, é ótimo nos dias atuais, acusar o islã de essencialmente violento e intolerante, como se o Ocidente não tivesse nada a ver com isso, e ainda usar de justificativa para guerras.

E grosso modo dos militantes de esquerda, por não conhecer a história do colonialismo e das lutas anticoloniais, nem faz ideia do processo histórico de constituição da realidade atual. Aí, mesmo progressista e anti-guerra, ele acredito que o Islã é essencialmente violento etc.

Enfim. Tudo isso é uma merda. E é foda como é um trabalho ingrato querer socializar essa história. A impressão que dá é que o número de pessoas que divulga isso é desesperadamente pequeno.