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💡Dicas para incluir personagens com deficiêcia nas suas histórias💡

Olá! Sou Priscila Saatmam e sou uma pessoa com deficiência - Paralisia Cerebral.

Aqui vai algumas dicas de como você pode incluir a representatividade de pessoas com deficiência nas suas histórias.
Quero ressaltar que as dicas aqui presentes são dicas mais gerais, em breve trarei no meu blog um texto mais detalhado sobre o assunto.

As dicas que vocês irão ler são baseadas na minha vivência, nos meus estudos e naquilo que observo principalmente na literatura.
1- Estude, consuma conteúdo de pessoas com deficiência:
Se você pretende ter um personagem com deficiência, você precisa saber sobre a história das pessoas com deficiência ao longo da História e se a sua narrativa se passa no Brasil precisará saber como PcDs atravessam a História
É necessário saber que somos diversos e para entender nossa diversidade você precisa ter contato com conteúdo produzido por PcDs, só quem pode falar sobre a vivência da pessoa com deficiência é a pessoa com deficiência.

Nada sobre nós sem nós.
2- Coloque Alerta de gatilho:

Sempre penso que se posso evitar que meus personagens com deficiência sofram algum tipo de violência, capacitimo etc... evito. Mas quando a situação os leva a tais momentos sempre alerto ao leitor que há uma situação de capacitismo por exemplo.
Por que é importante alertar gatilhos?

Porque diferentemente do que se imagina, preparar o leitor para as situações que estão por vir na sua história faz com que a experiência de leitura seja muito melhor e demonstra que você é uma pessoa preocupada com o bem estar dos leitores.
3 - A deficiência não deve ser o foco da narrativa:

Se na história o/a/ê protagonista é uma pessoa com deficiência, é a pessoa que deve ser o foco central da narrativa.
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É cansativo demais ler, ver e ouvir narrativas onde o personagem está o tempo inteiro mostrando o quanto a vida é complicada por causa da deficiência.
Isso gera problemas:
1. Transforma a deficiência em um mal que impede a pessoa de ver outras coisa além dela;
+
2. Transforma a deficiência na causa motriz de todas as desgraças á qual o personagem passa;
3. Faz com que o personagem creia que só a possibilidade de uma vida sem a existência da deficiência;
4. Enaltece estereótipos e fortalece a concepção capacitista do que é ser deficiente.
Há vida nas pessoas com deficiência e elas precisam ver isso cada vez mais nas narrativas que tentam falar sobre elas.
4- Cuidado com o "Pornô de Inspiração" e exageros:

Pornô de inspiração é o termo que usamos para definir momentos nos quais pessoas com deficiência estão expostas a situações absurdas e transformá-las em pessoas heróicas por resistir e existir dentro daquela situação.
De mesmo modo não se pode por o PcD como alguém 100% sussa com tudo o que lhe acontece, ou seja, uma pessoa com deficiência que está alheia as situações sociais e políticas nas quais uma pessoa com deficiência está inserida. Tem que achar equilíbrio.
5- Deficiência não altera caráter:
Pessoas com deficiência são humanas elas têm sentimentos, pensamentos e caráter próprios.
Um mocinho por exemplo, não pode ser bom porque a deficiência e suas dificuldades elevou seu espírito, assim como um vilão não poder mau por ser deficiente
6- Não precisamos de defensores, cura ou milagres:

O amor não cura. O clichê de pessoas com deficiências que recebem cura devido o amor de outra pessoa é ridículo, ele imputa que só há amor se não houver deficiência.
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Pessoas com deficiência possuem vulnerabilidades, mas isso não significa que elas devam ser salvas e defendidas constantemente.
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Nem toda pessoa com deficiência acredita em deidades e nem toda pessoa com deficiência é ateia. Dá pra tocar em assuntos espirituais sem ter que por o tropo do milagre.
7- Não somos crianças e é mesmo necessário esse drama todo em romance?

Se sua intenção é colocar protagonismo de pessoas com deficiência é por PcD pra ser tratado como criança até perceberem seja lá como que não há uma criança e sim uma pessoa adulta.
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Peço que pense se isso é confortável pro leitor. Inclusive é preciso ter cuidado com a colocação do PcD como alguém infantil, porque vivemos em um mundo onde a cultura da pedofilia se alimenta de coisas sutis. Se o personagem é adulto que seja descrito como é: um adulto.
Outra coisa bem comum principalmente em romance é o exagero no drama com relação as inseguranças das pessoas com deficiência em se relacionar. É claro que essa insegurança existe na realidade, mas que tal trazer personagens mais seguros do que querem, do que gostam?
8- Pessoas com deficiência vivenciam intersecções:

Os dados do último relatório sobre a estatística feita sobre PcDs no Brasil em 2011, revelou que 45 milhões de Brasileiros possuem algum tipo de deficiência e estas pessoas estão em todas as camadas da sociedade.
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Isso significa que pessoas com deficiência cruzam várias minorias sociais.
São não-brancos
LGBTQIAP+
São ricos e pobres
etc...

Essa diversidade precisa ser mostrada em diversos tipos de narrativas por isso é importante estudar sobre ser PcD e ter contato com PcDs.
9- Assim como a Barbie, PcDs podem ser o que quiser:

Não coloque PcDs em uma caixinha.
Contem histórias de investigadores com deficiência, desvendando aquele caso super difícil;
PcDs protagonizando alta fantasia cheia de tramas políticas e magia;
+
Que tal uma sociedade altamente desenvolvida onde ser PcD não passa de uma característica comum;
Aquele romance jovem cheio de reviravoltas fofurentas de aquecer o coração;
O terror/Horror e suspense onde o PcD explora o medo sem capacitismos fora de contexto;
+
Romance erótico, por que não?
poemas;
Quadrinhos;

Enfim cabemos em todo tipo de história basta você querer. Mas... para isso...
10- Procure leitores sensíveis:

Leitores sensíveis são pessoas que vão te ajudar a observar se seu texto que contem nesse caso um PcD está bom ou se reproduz algum capacitismo. Nossa função é ajudá-los a melhorar seu texto.
Amigo estou aqui!
Eu faço leitura sensível. Em breve farei um post sobre como contratar meus serviços.

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