Thread: Alquimia, a pedra filosofal e suas possíveis raízes ancestrais e espirituais.
A pedra filosofal sempre foi o principal tema para os alquimistas desde os tempos antigos e a transmutação é a base dessa arte que consiste na conversão de valores de um elemento, geralmente no intuito de alcançar uma forma mais “pura”.
É dito que a tábua de esmeralda continha o segredo da pedra filosofal, artefato esse que promete vincular a consciência humana à mente universal.
É atribuída a Hermes Trismegisto, uma figura grega que vem da unificação do deus grego Hermes e o deus egípcio Thoth, o deus da mágica divina e alquimia.
Hermes, assim como Thoth, é considerado o inventor da escrita. Ele é o deus das letras e conhecimento alquímico, era apelidado de “o misterioso” ou “o desconhecido” e era, também, o encarregado de ser o físico da alma e mensageiro dos deuses.
Com seu caduceu ele conduzia almas entre dimensões, como a vida na terra e a vida após a morte.
Reparando a arte antiga vemos sempre Hermes com seus símbolos: α sandália alada, o caduceu e a capa da invisibilidade, seja na Grécia antiga ou em Roma onde era conhecido por Mercúrio.
Ele provavelmente adquiriu o caduceu da deusa Iris, a deusa do arco-íris, que era a mensageira feminina dos deuses, e que amamaentou o bebê Hermes.
Iris foi muitas vezes apelidada de “mercúrio/hermes feminino”, e as semelhanças aparecem no fato dela também conduzir as almas para a vida após a morte com seu bastão.

(O bastão/varinha/cajado é importantíssimo para o desenvolvimento da tese)
A peça chave da trama ao redor de Hermes é que ele era paralelo ao deus Thoth no Antigo Egito. Thoth ou Tahuti, era o grande iniciador desse povo.
Thoth desempenhava um papel fundamental na cerimônia de passagem da vida na terra pro mundo espiritual conhecida como Psicostasia ou “ritual de pesagem do coração”.
O que os deuses queriam com essa cerimônia era saber o quão leve, puro, era o coração do humano que desencarnou.
O coração do iniciado era pesado junto da pena de Maat, o símbolo da verdade divina. Se o coração pesasse menos que a pena, a alma era permitida de seguir sua evolução, caso contrário era devorado por Ammit e a alma seguiria para uma espécie de “limbo” enquanto Thoth registrava.
Aqui temos uma representação de Thoth ressuscitando o rei Seti, retratado aqui como Osiris. Reparem que ele também segura um caduceu ou bastão/varinha.
Algo que muitas pessoas não sabem é que na arte do cristianismo antigo Jesus é retratado similarmente à Thoth com seu bastão/varinha em mãos.
De fato, nessas representações até cerca do século IV, sempre que Jesus era retratado realizando seus milagres, como tornar da água, vinho; a multiplicação dos pães, ou ressuscitando Lazaro, ele aparece com esse artefato em mãos.
Temos também um exemplo interessante de Jesus tocando Lazaro no seu chakra coronário isso é porque possivelmente sua morte foi simbólica e não literal?
“Aquele que amas está doente”.
Jesus, recebendo o aviso diz: “Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus”.
Jesus o toca e de acordo com a Bíblia, Lazaro agora “se permitia a perceber a glória de Deus”.
Isso tudo nos mostra que existe uma transmissão contínua de algum tipo de conhecimento que não compreendemos ainda.
Nesses pratos em amostra no Vaticano, também conseguimos ver Jesus performando seus milagres com o tal artefato em mãos novamente.
Em um dos mais antigos exemplos, em Santa Sabina, Roma, temos 3 exemplos do uso do bastão ou varinha durante a realização dos milagres:
Ainda no âmbito judaico-cristão, Jacó herdou um bastão/cajado que uma vez pertenceu a Moisés e Enoque. Sabemos que na Bíblia, Moisés usa desse cajado para partir o mar vermelho.
Jacó, ao usar seu bastão, teve uma experiência extraordinária. O livro de Gênesis nos diz que o mesmo deita sua cabeça em uma pedra e tem a visão de uma escadaria vindo dos céus com anjos descendo e subindo por ambos os lados.
Esse é um dos exemplos mais antigos de uma possível abertura de portal na literatura bíblica e temos que nos perguntar qual o papel da pedra e qual o papel do bastão nisso tudo. Seriam elas necessárias pra tal abertura de “portal”?
Na pintura acima de William Blake vemos algo muito interessante, anjos descendo e subindo em uma escadaria espiral que os leva direto ao sol. O que nos remete aos túneis solares egípcios. Os antigos egípcios acreditavam que nosso sol era de fato um canal para os “barcos solares”
No simbolismo angélico o trompete representa o instrumento que junta o céu e a terra, e nessa ilustração vemos anjos numa escadaria, descendo e subindo, emanando algum tipo de som na consciência de Jacó.
Hoje o “instrumento” que possivelmente liga o céu e a terra são os buracos de minhoca, e se analisarmos as possíveis representações, lembra muito um trompete e também as barcas solares egípcias. Poderiam eles estar querendo nos dizer que os portais possam ser buracos de minhoca?
Os textos herméticos adquiriram sua forma presente nos primeiros séculos da nossa era em Alexandria, época em que existia uma grande confluência do conhecimento em transformar e preparar o nosso corpo humano para essa jornada nos “céus”.
Esses textos foram extraídos de outros livros e manuscritos armazenados na famosa livraria, descrita por muitos como a mais significativa biblioteca do mundo antigo, construída durante a dinastia Ptolemaica, se pensa que estariam armazenados mais de 200 mil textos do mundo antigo
Depois de sua destruição, estudiosos usaram uma libraria “filha”, localizada no templo Sarapeu. O templo foi nomeado em homenagem ao deus heleno-egípcio Serápis, uma versão posterior de Osiris.
Serápis muitas vezes é representado como um homem barbado com corpo de serpente, ao ver essas imagens Teodósio ordenou aos cristãos recém-chegados que a destruíssem e assim a livraria inteira foi perdida. Alguns textos remanescentes disseminaram por Bizâncio, chegando na Europa.
No templo de Isis em Herculano, vemos afrescos datados de 100 A.C-62 D.C que retratam cenas de adoração a Isis, um festival religioso chamado Pelusia.
Vemos em primeiro plano 3 figuras, a do meio abanando uma chama acesa, a sua direita um tocador de flauta e a sua frente um sacerdote com um bastão em mãos e a esquerda um homem e uma mulher tocando Sistro, um antigo instrumento egípcio, ligando o bastão com a ideia da música.
Depois vemos uma escadaria guardada por duas esfinges, diante da porta no alto da escada, um representante do sacerdócio alexandrino, segurando com as duas mãos uma urna na altura do peito, enquanto atrás dele dois outros tocam instrumentos.
Mais abaixo vemos um coro de iniciados, aludindo a importância da música, som e vibração, nesses rituais.
Os textos do Corpus Hermeticum, possivelmente o trabalho hermético mais conhecido, foram derivados da biblioteca de Alexandria e compilados do segundo ao terceiro século de nossa era. Eles estavam perdidos e sem tradução até 1463 quando Cosimo de Medici financiou sua procura.
Em 1459, Cosimo fundou uma academia platônica em Florença para reviver os ensinamentos gnósticos de Platão. O Corpus Hermeticum foi trazido para Florença em 1460, de Constantinopla, atual Istambul e fora traduzido por Marsilio Ficino em seguida.
Sacerdote, cristão, físico, músico, astrólogo, Ficino era o role model do homem renascentista. Nesse mosaico vemos Ficino no canto esquerdo com Platão e Moisés. Há uma razão para isso.
Ficino e seus sucessores reconheciam Hermes Trismegisto como contemporâneo de Moisés e seus +
ensinamentos foram vistos como a filosofia perene, antecedendo o cristianismo em séculos, com suas raízes no egito faraônico, nos levando de volta para Thoth.
Para ele, Jesus era o exemplar do máximo potencial humano, o que hoje chamamos de “corpo de luz”.
Ficino escreveu sobre técnicas pelas quais os poderes planetários deviam ser invocados pelos princípios da analogia hermética, como por exemplo o lema principal do Corpus Hermeticum:
“O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora. Assim como antes, agora é”

Indicando que tudo é um e tudo acontece ao mesmo tempo.
Ficino acreditava que a alma humana se originou em uma forma primária mas está presa no corpo humano, assim como Platão acreditava no retorno da alma para seu lar perfeito: a unidade com Deus (universo, o todo).
Ficino escreveu e compôs músicas que atraíam influências estelares, a “música das esferas”. Isso era possível porque ele acreditava que a alma humana é feita de material estelar.
e já traduziu os trabalhos do neoplatonista Jâmblico que falava sobre a teurgia de purificar o corpo astral por meio de técnicas rituais, na medida em que ele se "divinizava" enquanto o teurgista ainda estava vivo e, portanto, constituía um veículo para o seu retorno aos deuses.
Isso é chamado “corpo da ressurreição” ou “corpo arco-íris da luz”.
Para o cristianismo isso pode ser meio controverso pois acredita-se que isso só seria possível após a morte, mas Ficino e os neoplatonistas acreditavam que era possível ainda enquanto vivos.
Nessa representação de Jesus vemos exatamente isso, e com um bastão em mãos, aqui descrita como uma cruz.
O “corpo de luz ou arco íris” é um conceito tibetano na qual acreditavam que o corpo humano foi designado para “girar” em um vortex de energia que manifesta 5 cores e uma vez que atingimos esse estado podemos viajar ao cosmos como seres de luz.
Agora, o que é interessante notar é que em Thangkas tibetanas, o ser de luz que atinge esse estado é muitas vezes representado segurando um bastão ou cajado também.
Ficino imaginava que poderia atrair o poder das estrelas e dos planetas para ajudar em sua evolução espiritual, uma vez que estamos presos na terra a única saída era refinar a alma e ascender aos reinos celestiais, que é exatamente o que os tibetanos também acreditavam.
Além disso, acreditava-se que esse processo ocorria através do poder imaginativo do teurgista.
Uma das maneiras de atingir essa ascensão era pela música (som, vibração) e pelos símbolos, esse último sendo considerado por ele a linguagem da alma.
Ficino diz que as imagens são criadas para empoderar a nossa imaginação e através do envolvimento com as imagens, nós nos tornamos elas.
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