Pessoas têm pedido notícia do meu pai. Vou contar pra vocês o que tem acontecido. 👇🏻
Meu pai provavelmente pegou coronavírus de um colega de trabalho que, numa tarde, teve o que achava ser uma crise de pânico. Era, na verdade, um sintoma de covid-19, que gerava falta de ar e sensação de afogamento.
Desde então, ficou quarentenado em casa, com a mulher e meu meio-irmão de 13 anos. Teve sintomas leves por uma semana, mas foi ao hospital quando começou a sentir dores decorrentes do que depois soubemos ser uma infecção no pâncreas. Decorrente da covid-19, foi provado depois.
Meu pai é um paciente em estado grave desde sexta-feira, 3 de abril, quando o colocaram em coma induzido e começaram a administrar um composto de medicamentos, dentre eles hidroxicloroquina e azitromicina. Preste atenção nisto aqui.
Durante cinco dias ficou estável. No quinto, apresentou melhora, mas no sexto dia precisou entrar em diálise, devido à toxicidade dos medicamentos.

Veja bem, ele não aguentaria processar as substâncias sozinho, sem um respirador e sem um aparelho de diálise.
Na sexta-feira, foi extubado, porque a infecção pulmonar decorrente daquilo que os médicos chamam de “tempestade inflamatória”, um dos desdobramentos da covid-19, havia arrefecido. Era um indicativo de melhora.
Ele não aguentou nem dez horas. Teve lapsos de consciência que fizeram os médicos voltarem a entubá-lo. Depois de exames, chegaram à conclusão de que era uma infecção bacteriana secundária decorrente da vulnerabilidade do organismo, ainda em recuperação da covid-19.
Este tipo de infecção acomete muitos casos graves, uma vez que a resposta imunológica fica dedicada sobretudo a combater a primeira etapa da doença. De modo que, se a infecção da covid-19 não fosse tão severa, e o tratamento com os tais remédios tão debilitante, seria fácil.
Os médicos mudaram os remédios, a luta segue. O prognóstico é incerto.

Meu pai segue em coma induzido, em estado grave, mas não irreversível.
Este relato é apenas para informar quem se interessa de fato em saber detalhes da doença a partir de uma experiência pessoal. Também é uma oportunidade para entender que cloroquina não é panaceia, tampouco milagre, muito menos receita perfeita.
A rigor, serve para mostrar que ainda não há solução. Se houvesse, eu seria a primeira a bater bumbo e exigi-la.
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