Gazeta de Notícias, 18 de Outubro de 1918.

Simplesmente incrível como a história é implacável.

Siga o fio para ver como a quarentena em tempos de pandemia é um caso de "ruim com ela, pior sem ela". 👇🏾
A "gripe espanhola" era assim chamada porque a Espanha foi um dos poucos países a noticiar a doença. Era um país neutro durante a I Guerra Mundial, o que fazia ter menor grau de controle da imprensa. Logo, só se sabia da doença na Espanha.

https://revistapesquisa.fapesp.br/2018/04/19/senhora-do-caos/
A Gazeta de Notícias foi rápida em apontar que a culpa da pandemia no Brasil era causada pela negligência do presidente Wenceslau Brás (esq) e do secretário de Saúde Carlos Seidl (dir). A "influenza hespanhola" acabou ganhando novo nome: "Mal de Seidl".
Cerca de 1500 pessoas morreram em 1918, do total de 35 mil vítimas da pandemia não levada a sério pelo presidente e por seu secretário de saúde. Wenceslau Bráz já estava no final do seu mandato, e seria sucedido por Rodrigo Alves (foto). Acontece que ele morreu de "Mal de Seidl".
Por isso o presidente foi Delfim Moreira (esq). Ficou só até meados do ano de 1919, sendo sucedido pelo eleito Epitácio Pessoa (dir) e, bem, esse período foi bem conturbado por si só, mas é de se pensar se a pandemia não teria jogado mais lenha na fogueira da Velha República.
A Gazeta de Notícias praticamente adotou o nome "Mal de Seidl" para falar da influenza espanhola. Em toda oportunidade, esse era o nome da doença. Até peço para alguém ajudara explicar a motivação de tanta oposição da Gazeta ao governo Bráz. Quem era o dono, a quem atendia, etc..
"Seidl foi classificado pelos jornais da época como um “cretino, relapso e sedicioso”, (...) cuja “inveterada inércia e dogmatismo de velho burocrata possibilitaram que a epidemia fosse recebida festivamente pela Saúde Pública” -> https://revistapesquisa.fapesp.br/2018/04/19/senhora-do-caos/
A Gazeta de Notícias fez uma lista dos estabelecimentos prejudicados por conta da alta contaminação dos trabalhadores pela gripe espanhola. Fábricas, lojas e farmácia fechadas, com bondes operando em menor quantidade por falta de passageiros, até o Corpo de Bombeiros foi afetado.
Os números eram impressionantes. As fábricas fechavam porque mais da metade dos seus operários estavam acamados, afastados ou falecidos por causa da doença. A produção não tinha como continuar porque faltava gente para trabalhar e produzir.
E, por motivos obvios, as escolas também estavam paradas. Aqui um registro de uma escola pública que virou posto de atendimento para enfermos, na rua Barão de Mesquita, Tijuca, Rio de Janeiro.
Obviamente a imprensa também explorou as imagens dramaticas produzidas pela pandemia, como os corpos que jaziam nas ruas das cidades.
Assim como hoje, em dado momento foi preciso ação estatal para garantr que as pessoas também não morressem de fome por conta do caos causado pela pandemia.
E, claro, surgiram os remédios milagrosos:
Também é interessante ver como eram vários os casos de denúncias de aproveitadores que buscavam lucrar com a pandemia. Um vendedor de galinhas foi preso por causa disso. Há notas sobre farmácias abusando nos preços.
Profissionais de saúde eram recorrentes vítimas da doença, ao mesmo tempo tratados como heróis. Nesse caso aqui, o médico Silvino Montenegro foi homenageado com o nome de uma rua na Gamboa. Ele trabalhou no hospital improvisado na Escola Nilo Peçanha, na Quinta da Boa Vista.
Em suma: o falso dilema de "salvar a economia" nem deveria ser levado a sério. A História mostra como a economia é duramente impactada com o adoecimento simultâneo e morte de milhares de cidadãos produtivos. Sem medidas de isolamento, o Rio parou do mesmo jeito. Isso é pandemia.
Oficialmente ele não é o Carlos Seidl do momento. Mas quer ser. https://twitter.com/OsmarTerra/status/1249136750787788801
Esse camarada fez uma viagem parecida com a minha e encontrou a turma da "gripezinha". https://twitter.com/pedroka196/status/1246893743220887552?s=19
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