Informações mais recentes sobre a Cloroquina e testes e protocolos no Brasil! Segue o Fio!

- Ontem pipocaram notícias sobre um protocolos de uso da Cloroquina para casos leves e até, pasmem, para PROFILAXIA para o COVID-19 usando este medicamento. Nós vamos DESENHAR o problema
Um guia pra esse Fio:
- Os riscos de tratar todo mundo com Cloroquina
- Os resultados prelim. dos estudos do Instituto de Medicina Tropical, citados hoje na coletiva do MS
- Porque acreditar na Ciência e não em: Bolsonaro, Instituto de economia terraplanista ou dono de convênio
Lembrem 80% das pessoas infectadas terão formas leves, com poucos ou nenhum sintoma certo? E depois disto elas desenvolvem imunidade a doença, passando por um processo chamado soroconversão, quando o sistema imune das pessoas se torna capaz de combater sozinho o virus.
Isto sem NENHUM remédio.
Vamos supor que tenhamos 1% da população brasileira infectada. 2 milhões e 100 mil pessoas. 80% disso dá 1,68 milhões de pessoas. Gravaram o número? Pois bem...
Já está mais do que conhecido de todos vocês o risco de Arritmia induzida pela Cloroquina e pela Azitromicina (antibiótico que está sendo testado em associação). Pra quem não sabe, estes medicamentos aumentam o tempo de uma fase chamada de repolarização do coração +
e isto pode gerar um risco grande de induzir a uma arritmia potencialmente fatal. Vamos supor que tratemos aqueles 80% lá em cima, considerados casos leves ou até assintomáticos. Ou seja, supondo que forneçamos cloroquina para 1.68 milhões de pessoas que TERIAM FORMAS LEVES...
Qual o problema nisso? Considerando APENAS a arritmia, e não os outros efeitos colaterais, estaríamos submetendo 1.68 milhoes de pessoas que não precisariam de NENHUM remédio a tomar um medicamento que pode induzir uma arritmia.
Este numero aumentaria assustadoramente se começarmos a falar de PROFILAXIA para os MILHÕES de profissionais de saúde ou pessoas que tiveram contato com casos confirmados. Inclusive porque o risco de arritmias aumenta muito se a pessoa já tiver uma condição chamada de QT Longo +
que só é identificável se ela já tiver feito um ECG na vida.
E os novos “profetas da cloroquina” têm se baseado em estudos clínicos PRELIMINARES ou até estudos IN VITRO (em laboratório, nos quais são usadas doses muito maiores do que o possível em organismos vivos) +
para afirmar a eficácia do medicamento. Pois bem, hoje o Secretário do Ministério da Saúde responsável por incorporação tecnológica, citou que estudos PRELIMINARES do Institudo de Medicina Tropical do Amazonas, ainda não publicados, apontam que +
até o momento a administração de Cloroquina NÃO ALTEROU MORTALIDADE entre pacientes com COVID-19. Além disto, disse o Secretário hoje na coletiva, as doses propostas por um protocolo de 1.2g diario por 10 dias que vem sendo proposto se mostrou Tóxico ao organismo humano.
Como sempre afirmamos, não se pode tirar conclusões de resultados preliminares, de estudos não publicados e ainda não revisado pelos pares, muito menos com poucos pacientes. Entretanto, fica o recado:
Nossa opção vai ser arriscar a vida de muita gente desnecessariamente para usar um medicamento que ainda não conhecemos a eficácia? Percebem que o papel da ciência é encontrar soluções, mas SOBRETUDO PROTEGER as pessoas de falsas soluções que as possam colocar em risco?
É por isso que é completamente anti-científico APOSTAR na eficácia de um remédio. Em ciência não se aposta, SE TESTA! Um cientista não pode perder a postura cética e abandonar o principio da hipótese nula +
pelo qual nenhum fenômeno deve ser considerado verdadeiro antes de sua demonstração.
Quem aposta é Bolsonaro, que está mais preocupado com seu projeto de poder do que com a vida das pessoas.
Quem aposta é instituto liberal-terraplana porque quer ganhar relevância. Quem aposta é dono de plano de saúde porque quer economizar o dinheiro das internações prolongadas por pacientes idosos entubados por conta do COVID.
A Ciência está aqui pra proteger a gente. Tenham Calma! Se este remédio for adequado saberemos QUANDO, ONDE e COMO tomar, de forma segura. Enquanto isso façam o que a Ciência epidemiológica tem mostrado como a melhor medida: fiquem em casa!
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