1 Há toda uma bibliografia – quase um gênero literário à parte – a respeito do que se convencionou chamar de “traição dos intelectuais”, expressão que dá título a um livro já clássico do francês Julien Benda.
2 Com a vitória de Jair Bolsonaro, o teatro da intelligentsia reacionária subiu o pano e revelou, sem vergonha nem cuidado, quem era quem e quem queria o quê. Burke, Tocqueville, Kirk, Oakeshott, Scruton teriam vergonha dessa ralé.
3 Todos os marcadores teóricos e éticos defendidos pelo bom conservadorismo – limitação do Estado, prudência, ceticismo político, debate livre, consciência individual – foram trocados por cargos, indicações, dancinhas, respeitinhos, cumprimentos, reverência, reações tribais.
4 Intelectuais e jornalistas à direita baixaram a guarda, calibraram as críticas, envernizaram as frases, ajustaram as análises, fecharam os olhos, taparam os ouvidos, apararam as arestas e, por fim, tiraram os sapatos para não sujar a sala de controle do poder.
5 Tudo em nome da causa, ainda que a causa tenha outro nome. Tudo em nome da revolução reacionária, porque o magnetismo do poder é, para os de caráter frouxo, irresistível. A traição é a mesma; só mudaram os traidores.
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