Um fio sobre como financiar a resposta da crise do #coronavirus. Minha proposta inicial custava R$600 bilhões. O Brasil está quebrado. Da onde viria o dinheiro? De impressão de papel moeda!
“Opa. Tá maluco? Isso vai destruir o país!” Não vai. Explico.
(1/n)
Primeiro: isso é o que todo mundo está fazendo. EUA, Alemanha, Dinamarca. Maioria dos governos está imprimindo papel moeda. Mas no Brasil, país fraco, isso funcionaria? A resposta é sim. É um caso especial e único. Se continuar, taríamos ferrados. Não vai continuar. (2/n)
É o seguinte: em condições normais, impressão de papel moeda basicamente corrói a credibilidade do governo. Se o governo fizer isso em condições normais é realmente caos. Mas não hoje. E é só ver pela reação dos mercados ao pacote americano. (3/n)
Essa crise é única. Imprimir papel moeda (meu plano inicial era de R$600 bilhões, mas pode ser R$1 trilhão) significa segurar a capacidade de sobrevivência das pessoas. O dinheiro não iria circular como se fosse numa economia normal. (4/n)
Em economês: a velocidade de circulação do dinheiro está despencando. Nessas condições, mais dinheiro não gera inflação. Poderia gerar no futuro, mas quem critica a ideia esquece de uma coisa simples: o governo pode enxugar essa liquidez depois! Facilmente! (5/n)
O plano não é imprimir papel moeda e esquecer do assunto. O governo pode aumentar o compulsório ou aumentar os juros qd a crise passar. Pronto, retira os mesmos R$1 trilhão de circulação. Por isso, meu plano inicial envolvia crédito e não renda. (6/n)
Com crédito, esse processo seria feito naturalmente. Mas pode fazer renda universal e jogar dinheiro de para quedas pra pequenas e médias empresas sem problemas. Depois enxuga-se. O Bacen já enviou uma quantidade cavalar de dinheiro no sistema financeiro. (7/n)
Não gera inflação! E, nesse sentido, não faz nenhuma diferença o governo ser brasileiro ou dinamarquês ou americano. O problema é em moeda local! Não faz sentido falar em usar reservas. Nosso problema não é falta de divisas. Imprime-se reais, tira-se depois. (8/n)
Eu não sou de esquerda. Escrevi um manual de economia que mostra como é raro que haja multiplicador fiscal positivo. Sou a favor da LRF e sei que a má alocação de recursos e os gastos malucos da Dilma levaram o país à crise. (9/n)
Esse não é um plano de alguém que defende o incompetente governo brasileiro ser gastador. É o plano de alguém que sabe que essa é uma crise monstruosa e única, que requer soluções extraordinárias. Austeridade é genocídio. Impressão de moeda pra chegar nos pobres é a solução. Fin.
PS: quem gostar, siga. Eu sempre posto informações de qualidade. E, diferente da maioria dos intelectuais públicos, admito qd estou errado. Nessa, não estou. Fui o primeiro a montar um plano pra essa crise. E, no momento, defendo o que nunca defenderia em outra situação.
Ah, nos EUA estão imprimindo papel moeda pra dar um cheque de U$1.200 por trabalhador que ganha menos de U$75.000 por ano. Não faz nenhuma diferença os EUA terem poder militar ou ter a moeda do mundo. Em moeda local, o que restringe é a expectativa de longo prazo. Sem isso - caos
Não precisa de novos impostos, não precisa cortar salários de trabalhadores (eu não sou contra uma grande reforma de salários públicos - se passar, que bom), não precisa deixar os salários caírem. Não precisa meter a mão no FGTS. É impressão mesmo! Que acabaria em 3 meses.
Quero ver alguém achar artigo meu contra reformas que limitem os gastos do Estado. O Estado brasileiro como gastador é um lixo.

Mas agora, não tem alternativa!
Ah, pra não dizer que não tem custos. O dólar subiria mais. No momento, isso não é um problema macroeconômico e tb não geraria inflação, mas não seria legal não. Não existe almoço grátis.

Que se imprima 1 trilhão!
O governo vai ter que retirar depois. Vai virar dívida pública. Mas não é uma questão de trajetória. É uma porrada só. Tá acontecendo no mundo inteiro.
You can follow @RodZeidan.
Tip: mention @twtextapp on a Twitter thread with the keyword “unroll” to get a link to it.

Latest Threads Unrolled: