Fatos e Coincidências, um fio* desesperador.
Um técnico de refrigeração foi morto durante uma operação policial em maio de 2003, na Cidade de Deus.

O inquérito não foi concluído até hoje.

Os acusados são dois, na ocasião, policiais. Adriano da Nóbrega...
E Fabrício Queiroz.
Jair Bolsonaro é amigo de Queiroz desde 1985.
Em 24 de outubro de 2003, Flávio Bolsonaro fez a primeira homenagem ao Tenente Adriano. Uma moção de louvor.

"Com vários anos de atividade este policial militar desenvolve sua função com dedicação, brilhantismo e galhardia."

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/scpro0307.nsf/e4bb858a5b3d42e383256cee006ab66a/7c5e3718a895341783256dc9004b6f49?OpenDocument
Em janeiro de 2004, Adriano foi preso novamente. A vítima, um guardador de carros, denunciou um grupo de MILICIANOS um dia antes da morte.
Em 15 de junho de 2005, Flávio Bolsonaro concede a SEGUNDA homenagem ao Adriano, a Medalha Tiradentes. A maior honraria.

Adriano não compareceu porque estava preso.

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/scpro0307.nsf/e4bb858a5b3d42e383256cee006ab66a/66ed6d7f6f4d035583257021004902c3?OpenDocument
Em outubro de 2005, Adriano foi condenado por júri popular pelo assassinato.
A condenação saiu dia 23/10/2005.

Bolsonaro discursou em defesa de Adriano quatro dias depois na Câmara dos Deputados.

Em seu discurso, ele afirma que pela primeira vez compareceu a esse tipo julgamento e o descreveu como brilhante. https://twitter.com/jairmearrependi/status/1226540549617979392
Adriano recorreu da sentença e em 2007 foi absolvido.
Ainda em 2007, Queiroz foi cedido formalmente pela PM do Rio ao gabinete de Flávio Bolsonaro.

Também em 2007, Flávio Bolsonaro nomeou Danielle da Nóbrega, esposa de Adriano, como assessora de gabinete.
Danielle era uma funcionária sem ponto e sem crachá. Uma das principais evidências sobre a Danielle ser uma funcionária fantasma são os diálogos sobre receber os contracheques sem ir ao gabinete. https://twitter.com/jairmearrependi/status/1226603567018053633
Em dezembro de 2013, a PMRJ expulsou Adriano por seu envolvimento com a contravenção. Mas ele não tem condenações.
Mesmo com toda essa ficha corrida, a esposa de Adriano continuou assessora do gabinete de Flávio Bolsonaro. E mais, em 2016, Raimunda, mãe de Adriano, também foi nomeada.
Ainda sobre Flávio, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada em 2011 por milicianos. Ela descrita como linha dura contra policiais corruptos.
Foi um crime escandaloso e chocou o Brasil inteiro. Houve repercussão internacional. Flávio Bolsonaro se manifestou assim no Twitter: "que Deus tenha essa juíza, mas a forma absurda e gratuita com q ela humilhava Policiais nas sessões contribuiu p ter mts inimigos".
O Tweet continua lá até hoje: https://twitter.com/FlavioBolsonaro/status/101981169595330562
"Foi um lapso."

Em 2015, uma juíza também linha dura contra policiais foi agredida ao denunciar privilégios oferecidos pela prisão de PMs. Visitas íntimas sem autorização, churrasco etc. Foi recebida com hostilidade e ela e sua escolta foram agredidos. http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/10/juiza-diz-que-foi-agredida-em-visita-prisao-de-policiais-no-rio.html
TRIGGED
CURIOSIDADE: Raimunda Magalhães, mãe de Adriano, recebia ajuda de custo da milícia entre 2017 e 2018 para pagar seu condomínio, de acordo com planilhas da contabilidade da milícia.
O mais grave talvez seja o fato do dinheiro repassado a Danielle também ser repassado ao Capitão Adriano, conforme mensagem interceptada pelo Ministério Público.

"Contava o que vinha do seu tmbm"
Danielle e dona Raimunda (guarde esse nome) receberam no período "exercendo função no gabinete do Flávio" R$ 1,029 milhão em salários. Repassaram R$ 203 mil para Queiroz.
De acordo com a denúncia, Queiroz usou empresas para lavar o dinheiro dos repasses.

Ilustrando, de um lado temos o restaurante Bairrada, uma das empresas usadas.

Do outro lado, quase em frente, temos a agência 5663 do Itaú, usada para realizar depósitos na conta do Queiroz.
Além disso, de acordo com a denúncia, Raimunda repassou R$ 43 mil ao Queiroz antes mesmo de ser nomeada ao gabinete do Flávio. Por quê?
Após a repercussão da ausência, foi incluído. Informações sobre o chefe de uma milícia perigosíssima recebiam recompensa de R$ 1 mil.

Eu acho que o telefone nunca tocou com esse assunto do outro lado da linha.
Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, divulgou em 30/01/20 uma lista de mais procurados do Brasil. Descrita por ele como elaborada com "critérios técnicos e consulta aos Estados", a lista não incluiu o chefe do Escritório do Crime. https://twitter.com/SF_Moro/status/1222969944477966343
O desfalque do nome de peso envolvido no assassinato de Marielle Franco, crime de repercussão internacional, e também com envolvimento no caso envolvendo amigos e filho do presidente da república foi amplamente discutido.

Não há nada plausível que justifique a ausência...
E em 09/02, Adriano foi morto em operação policial na Bahia.
O advogado de Adriano conta que seu cliente estava nervoso e temia morrer, por ser um arquivo vivo.

Queimaram o arquivo dias depois.
Por que a ex-esposa de um notório miliciano esteve nomeada no gabinete do filho do presidente por dez anos?

Por que em 2016 a mãe do mesmo miliciano foi nomeada ao gabinete, mesmo sendo empresária?

Qual a relação entre Flávio, Jair e Adriano?
Por que a mãe de Adriano depositou R$ 40 mil para Queiroz antes de ser nomeada ao gabinete de Flávio Bolsonaro?

Como Adriano passou tanto tempo foragido?

Por que o Ministério da Justiça não tratou do Adriano com a seriado devida ao líder do Escritório do Crime?
São muitas perguntas que para nossa infelicidade foram silenciadas pela morte.

Perguntas pertinentes, que precisam de respostas e deveriam ser esclarecidas pelos envolvidos com urgência.

*Fio inspirado na linha do tempo exibida ontem no Jornal Nacional.
Mas vai ver é tudo coincidência mesmo.
Em dezembro de 2019 circulou entre grupos Bolsonaristas acusações sobre o governador do Rio, Wilson Witzel, ordenar o forjamento de conversas entre milicianos complicando o presidente.

O deputado Otoni de Paula chegou a gravar áudio sobre isso.
O vídeo com ares de teoria da conspiração, aparente vir de uma operação para vacinar as pessoas sobre algo a ser revelado, não ficou limitado aos grupos Bolsonaristas de Whatsapp e Telegram.
Bia Kicis, deputada, uma das mais fiéis aliadas de Bolsonaro e uma das mais folclóricas divulgadoras de mentiras do Twitter (pesquisar FARCs fake), também divulgou a informação:
E a acusação se tornou oficial. Em 19/12/19, o presidente acusou o Witzel de forjar conversas entre dois milicianos para acusá-lo de ser miliciano. Oficial porque, de acordo com o presidente, a INTELIGÊNCIA (?) levantou a trama. Veja ele dizendo em vídeo:
"Vocês sabem do caso do Witzel comigo. Vocês sabem do caso do Witzel . Foi amplamente divulgado, a inteligência levantou, já foi gravada a conversa de dois marginais citando meu nome, para dizer que eu sou miliciano. Armaram"
Estamos em 11 de fevereiro, dois meses após o surgimento dessa denúncia contra o Witzel, e até agora não temos nenhum sinal de áudio ou assunto relacionado ao tema. De onde surgiu isso?
Em 2007, Flávio Bolsonaro quis legalizar as milícias.

Apenas para fins comparativos sobre a gravidade do tema milícia, Tropa de Elite 2, filme que retrata milicianos como vilões, teve sua produção iniciada apenas dois anos depois, em 2009.

https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/deputado-quer-legalizar-milicias-no-rio,f2fe24d51491139f856ce9e94d4a88bc1m7unakr.html
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