👑 taekook au 👑
O pequeno reino Kim não é nada comparado ao extenso e abastado reino Jeon; assim, o único herdeiro Kim é oferecido em casamento. Mas Taehyung não tem interesse nos cortejos de seus poderosos pretendentes, bem mais atraído pelo jovem príncipe Jeongguk.
Jeongguk, contudo, só parece interessado em andar a cavalo por aí e explorar as terras do pequeno e aconchegante reino Kim.
"Não importa o quanto eu frite meus miolos, não tem outra escapatória", Taehyung pensou, decidido.
O príncipe já analisara todas as possibilidades. Pelo visto, não tinha mesmo outro jeito. Aquele era seu único bilhete de liberdade – ou, ao menos, de uma prisão mais confortável.
Jeon Jeongguk era o nome de seu bilhete.
Era hóspede em seu castelo há quase três semanas. Não conversaram muito além de comentários na mesa de jantar, ou ao tomarem vinho no salão, mas nunca esteve à sós com o jovem príncipe Jeon de olhos inocentes.
Mesmo assim, foi suficiente para que Taehyung tomasse uma decisão.
Suas outras alternativas não eram das melhores.
Era fim de tarde quando o viu entrando pela mata ao redor do castelo, montado num cavalo de pelos tão negros quanto os cabelos compridos do príncipe. Taehyung subiu em seu cavalo e seguiu-o mata à dentro, silencioso, até ter certeza de que estariam em um lugar reservado.
Jeongguk parou à beira-rio e desceu do cavalo, permitindo que bebesse água.
Ele se virou e encarou o príncipe Kim. Não demonstrou sinal de surpresa, nem nada disse. Pelo visto, Jeongguk sabia que estava sendo seguido e, Taehyung desconfiava, também sabia quem era seu perseguidor.
É só uma pergunta, só isso — Taehyung repetiu em sua mente ao descer do cavalo. Estava, enfim, frente a frente ao príncipe Jeon, a sós.
Forçou-se a encarar Jeongguk nos olhos e respirou fundo.
"Se case comigo", disse, e só depois de dito notou que não havia sido uma pergunta.
O jovem príncipe Jeon arregalou os olhos negros, como um cervo acuado, e Taehyung sentiu o coração saltar, afoito. "D-digo, caso queira, claro, eu n-não estou—"
Parou, frustrado, e bufou. Ótimo, fez papel de tonto na frente de seu pretendente.
"Não entendo, alteza." Jeongguk se aproximou alguns passos hesitantes. "Me pede para que case contigo?"
"E não é por isso que estão aqui todos estes membros de sua família?", Taehyung questionou num tom ligeiramente provocador. "Sim, para que eu me case. O quão logo possível."
Numerosos familiares vieram para uma longa visita ao castelo dos Kim. O objetivo, a aliança dos reinos e união das famílias. O método, matrimônio.
Taehyung seria a moeda de troca. Sua mão selaria a paz entre os reinos, traria prosperidade e segurança aos cidadãos de suas terras
Os Jeon possuíam poder, recursos, exército. A aliança entre os reinos era, de fato, imprescindível. Taehyung reconhecia sua importância e, ao ser avisado por seus pais que sua mão seria dada a um membro da família Jeon, o príncipe não reclamou. Acatou a ordem, sem pestanejar.
Era seu dever, como único herdeiro. Devia proteger o reino Kim. Proteger as pessoas.
Mas nada impedia Taehyung de decidir qual Jeon seria o mais indicado para tomar sua mão em casamento.
E estava certo que era Jeon Jeongguk.
"C-comigo?", o jovem príncipe gaguejou, boquiaberto. "Certamente não comigo, alteza. Meu irmão, Jungpyo..."
Taehyung revirou os olhos enfaticamente.
"Impossível", murmurou.
Jeon Jungpyo o filho mais velho dos Jeon e herdeiro do trono.
Era, também, um tremendo babaca.
Desde que chegara com o restante da família, Jungpyo não fazia nada a não ser dar ordens. Tratava mal os serventes do palácio – coisa que Taehyung não podia suportar – e teve a audácia de gritar com Yeorin, dama de companhia do príncipe e sua melhor amiga desde o nascimento.
Jeon Jungpyo ainda reclamava da comida, dos arcos e das flechas, da louça e do vinho, de tudo em que deitava os olhos. Ao cortejar Taehyung, era nojento. Desfilava com roupas pomposas, capas de veludo bordadas em ouro, trajes para bailes e casamentos, e então reclamava do calor.
Além disso, o herdeiro vivia a ostentar um sorriso de deboche – como se fizesse um grande favor ao aceitar um pequeno príncipe em matrimônio.
Taehyung não o suportava.
"Alteza", Jeongguk abaixou o rosto e a franja negra cobriu seus olhos. "Eu sei que pode não parecer, mas estou certo que meu irmão está interessado em sua mão."
"Ele não me agrada", disse, firme. "Se Jungpyo tem interesse verdadeiro em mim, seu jeito de demonstrar é deturpado."
O príncipe Jeon não pôde segurar uma risada soprada, e um sorriso divertido brincou em seus lábios. Taehyung pegou-se mordendo as bochechas para não sorrir também.
"Meu irmão tem um jeito peculiar de cortejar."
"Peculiar?" Taehyung ergueu as sobrancelhas castanhas, ultrajado.
"Ele humilha os funcionários, maldiz a minha casa. Não é nada gentil. Não me agrada a ideia de acordar todos os dias ao lado de alguém que não é gentil".
"Jeon Kyunjae é gentil", o príncipe pontuou. Sua voz deixou transparecer um tom contrariado. "Sei que ele também te corteja."
Jeon Kyunjae, tio de Jeongguk e Jungpyo. Irmão mais velho da rainha.
Era gentil, sim, e muito educado. Dava atenção a qualquer mísera palavra de Taehyung, e comprou-lhe de presente um lindo broche de prata.
Era, também, pelo menos trinta anos mais velho que o príncipe.
"Também não me agrada a ideia de acordar ao lado dele", Taehyung respondeu, arisco. Jeongguk entreabriu os lábios, surpreso, e o príncipe Kim teve medo de ter ofendido sua família. "Não me leve a mal, alteza—"
"Não, eu entendo—"
"Mas é você quem eu preferia ver ao acordar."
Jeongguk arregalou os olhos e seu queixo caiu. Parou assim por um longo instante, como uma estátua, e aquela expressão pasma aqueceu o coração de Taehyung. Era adorável, os cílios dele piscando e, ao enfim fechar os lábios, foi possível ouvir um '𝑔𝑢𝑙𝑝' tenso de sua garganta.
"M-mas, eu?", ele gaguejou, a voz rouca.
O príncipe Kim riu.
"Você."
Pois, junto aos outros, viera Jeon Jeongguk.
O terceiro mais jovem de doze irmãos e irmãs. Vestia-se de forma confortável e passava o dia andando a cavalo, explorando as terras do reino Kim.
Era educado com todos os serventes, do cocheiro ao cozinheiro, e Yeorin ficou encantada quando ele elogiou sua trança. Um dia, de longe, Taehyung o viu sentado sob a amoeira, lendo para as crianças. Era habilidoso com o arco e flecha, com a espada e bom em todos os jogos.
Mas Yeorin contou que ele cordialmente deixou sua mãe ganhar numa partida de cartas, gesto que deixou Taehyung muito satisfeito.
E era um deleite os olhos, claro.
Jeongguk era gentil e atraente.
Na verdade, o príncipe o achava mais gentil que Kyunjae e mais atraente que Jungpyo.
Entretanto, Jeongguk não o cortejara uma única vez nessas semanas. Não dera nenhum sinal de interesse e, apesar de já tê-lo flagrado o observando com olhos sonhadores durante os jantares, Taehyung sentia medo de fazer um papel ridículo na frente de um garoto muito, muito bonito.
"Alteza," Jeongguk murmurou baixo, e negou com a cabeça. "Não pode ser—"
"Sabe que este casamento é importante para o meu reino", Taehyung o interrompeu antes que ele pudesse negar seu pedido. "Se esta é sua vontade, aceitarei seu tio, Jeon Kyunjae", disse, e lhe deu as costas.
"Não!", o príncipe Jeon exclamou, e Taehyung sentiu o coração acerar os batimentos ao ouvir o farfalhar das folhas secas e galhos se quebrando, sons do príncipe caminhando a passos largos em sua direção.
Pôde senti-lo parado às suas costas.
Jeongguk não o tocou, não fez nada.
Mas estava ali. Simplesmente parou, bem perto, e Taehyung não conseguiu reunir coragem para se virar e encará-lo tão próximo.
"Não?", o príncipe Kim deixou escapar num sussurro incrédulo. "Eu ouvi o que disse, que não pode ser—"
"Não pode ser que você me julgue próprio, alteza"
Não passou de um sussurro, e Taehyung prendeu a respiração, o coração pulsando na garganta. Podia ouvi-lo respirar às suas costas, ofegante. Seria possível que também agradasse o príncipe, tanto quanto ele lhe agradava? Sem ter palavras, esperou que Jeongguk se esclarecesse.
"Meu tio Kyunjae é dono de muitas terras e riquezas, respeitado e amado por todo o povo graças à sua bondade e generosidade. E Jungpyo, meu irmão, é o primogênito. Será o próximo rei e, caso o escolha, vossa alteza reinará ao seu lado."
"Por favor, me trate pelo nome, Jeongguk."
Taehyung ouviu-o suspirar às suas costas. O príncipe Jeon hesitou um instante antes de continuar.
"Eu não tenho nada que possa oferecer a você, Taehyung."
"Tem, sim. É um Jeon, como os outros dois. E me agrada, muito. Isso basta."
"Não basta!" insistiu, e sua voz saiu aguda e aflita."Tenho 18 anos, sou inexperiente, não possuo terras ou virtudes. Não me interesso na política e, mesmo que um dia seja obrigado a me envolver, não posso prometer um grande título ou o mais confortável dos castelos de Joseong."
Jeongguk bufou, e as palavras soaram como um mero sussurro aos ouvidos do príncipe Kim, "Seria irresponsável cortejá-lo na minha posição."
"Há, irresponsável?" riu seco, forçando-se a engolir o nó na garganta. Seu coração parecia querer escapar do peito, inquieto e ofendido.
"Se não quer aceitar meu pedido, apenas diga. Foi inconsequente da minha parte, propor algo assim sem aviso. Sei que é muito educado, mas não é necessário criar justificativas."
Tinha que sair dali. Não podia suportar um segundo a mais daquela humilhação.
Mas antes precisava virar-se e encarar o príncipe Jeongguk. Decidiu terminar de uma vez com a tortura e, ao subitamente virar para trás, sentiu a cabeça leve. Estava a menos de trinta centímetros do rosto dele, tão perto que podia sentir o cheiro frutado de seu hálito.
"Taehyung..." os olhos negros, ainda amplos e preocupados como mais cedo, agora cintilavam lágrimas suspensas. Ele hesitou e, lentamente, passou a língua sobre os lábios. "Desde o dia em que eu te vi pela primeira vez não consegui pensar em outra coisa."
As palavras floresceram no peito do príncipe Kim, espalharam-se, e foi difícil respirar. Taehyung buscou sinais na expressão dele, por algum pretexto nas sobrancelhas franzidas, por uma desculpa tênue nos lábios, mas foi incapaz de distinguir algo além de sinceridade.
Abriu e fechou a boca, incrédulo. Sentia as mãos trêmulas e fechou os punhos, determinado a recuperar a compostura.
"Então, por que não—"
"Meu tio e meu irmão deixaram muito claras suas intenções, e o que posso oferecer em comparação a eles? Nada, alteza. Nada além do nome."
"É só o que eu preciso no momento", Taehyung ergueu o queixo em desafio, "do nome."
O príncipe Jeon soltou uma risada fraca.
"Você tem uma língua afiada. Me encanta.” ele mordeu os lábios, num gesto tímido. “Gosto, principalmente, quando responde aos absurdos do Jungpyo."
"Ele é intragável!", exclamou, mas seu tom não era irritado ou contrariado. Na verdade, o conteúdo da conversa pouco tinha a ver com o clima do momento. O príncipe Kim aproveitava a proximidade para, pela primeira vez, analisá-lo de perto.
Os cabelos escuros descansando sobre a maçã do rosto. O nariz, a boca pequena, a pinta no queixo. Uma discreta cicatriz na bochecha direita.
Gostava do que via. Gostava 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰.
Um sorriso de canto surgiu nos lábios dele, travesso, e Taehyung pegou-se suspirando baixo.
"Como um dia Jungpyo será rei, ninguém tem coragem de enfrentá-lo", Jeongguk explicou.
O príncipe Kim riu, cheio de deboche.
"E você foi capaz de achar que eu me casaria com seu irmão?"
"Todos querem ser rei"
"Você não quer"
Ele sorriu. A cabeça baixa, os dentes da frente sobressalentes e a franja comprida caiu-lhe sobre os olhos. O príncipe Jeon sorriu e Taehyung pensou que talvez pudesse flutuar.
"Tem razão, não quero"
"Mas, caso aceite meu pedido, será", declarou, e seu tom já não era descontraído
"Não será o grande rei das terras Jeon, mas rei do meu povoado” disse e, com pesar, notou que suas palavras soaram melancólicas.
Os olhos de Jeongguk, contudo, não vacilaram. Continuaram cravados nos seus, duas esferas negras e brilhantes. Então, ele soltou uma risada leve.
“Caminhei bastante por suas terras desde que cheguei, alteza. São belas as colinas, e o clima é bom. Seu reino é muito pacífico.”
“Pacato, é o que quer dizer.” o príncipe Kim sugeriu, ligeiramente desconfiado. Podia gostar de Jeongguk, e de fato ele o agradava,
mas jamais, jamais deixaria depreciarem sua terra ou seu povo.
“Pacato?”, o príncipe Jeongguk franziu as sobrancelhas.
“Não temos um grande exército ou ferreiros célebres, nem enormes plantações e criações de gado, como no seu reino.
Nosso povo vive principalmente da agricultura familiar e é conhecido em toda a região pelo artesanato.”
O príncipe Jeon afirmou com a cabeça lentamente e abriu um sorriso. Não um sorriso mesquinho como o que Jungpyo mostrava ao falar do reino Kim, mas um belo sorriso entretido.
“Me parece cair muito bem, alteza. Um reino de artistas para um príncipe artista.”
Taehyung arfou, desprevenido, os olhos castanhos amplos de surpresa.
“Sabe que eu pinto?”, perguntou, num misto de incredulidade e encanto.
“Como disse, são belas colinas, as suas.” Jeongguk elogiou, e seu sorriso tornou-se tímido. “Gosto de passear por elas. E gosto ainda mais de poder vê-lo a pintar pelo lado oeste, perto do lago.”
“Me vê pintar?”, ecoou, sem realmente esperar uma resposta, a voz fraca e rouca. Pensou nas últimas semanas, em estar à beira do lago esboçando a paisagem e ver o jovem príncipe ao longe, cavalgando pelas colinas. Ou então descansando sob uma árvore, deitado na sombra.
Pensando agora, desde que a família Jeon havia chegado, o príncipe Jeongguk estava sempre em seu campo de visão. Nos jantares, também, sentia que o rosto dele estava constantemente virado para si, e mais de uma vez pegou o príncipe Jeon o encarando.
Ao tomarem vinho ou chá no salão, Jeongguk mantinha-se por perto, rondava-o. Entretanto, não tentou iniciar uma conversa com Taehyung, nem uma única vez.
“Tolo”, sussurrou. “Diz que pensa em mim e que me observa, mas ainda não disse se o agrado.”
“Sim, tolo. Pois tudo o que faço desde que o vi é pensar em você e criar desculpas para observá-lo”
“Então eu o agrado?” foi direto. O príncipe Kim era conhecido por sua sinceridade. Contudo, não pôde esconder o nervosismo que a pergunta lhe causou e engoliu em seco, tenso.
“Muito, alteza.” O sol já baixava no horizonte e o príncipe Jeon brilhava sob a luz alaranjada do poente. Contudo, Taehyung ainda foi capaz de distinguir o tom corado que lhe ganhou as bochechas, e Jeongguk abaixou o rosto, acanhado pelas próprias palavras. “Me agrada muito.”
“O-oh”, Taehyung engoliu em seco. Sentia uma onda de euforia vibrar por todo o corpo, o coração turbulento, as faces incandescentes, e mordeu o lábio inferior no meio de um sorriso terno.
Porém, se agradava ao príncipe Jeon, se realmente o agradava desde o início, então por que ele o fez passar pela angústia de suas negações e justificativas? Sentiu-se ligeiramente ofendido.

“Então qual o motivo de toda a sua relutância? É porque não te atrai a ideia de ser rei?”
“Porque você é divino, meu príncipe”, Jeongguk suspirou. “E sei que tem opções mais distintas, bem mais apropriadas—”

“Insiste numa bobagem”, interrompeu. “Pensa que eu teria vindo até aqui e te pedido para que se case comigo se não o julgasse a melhor opção?"
"Se te escolho, Jeongguk, e se estou aqui a falar tudo isso, é porque o julgo mais que apropriado."

O príncipe Jeon piscou os olhos inocentes e negou com a cabeça. Parecia hesitar, apertando o tecido da calça com as mãos.

“Me escolhe”, repetiu, sorrindo. “Devo estar sonhando.”
O encantamento transbordou da voz do príncipe Jeon, tão óbvio que Taehyung sentiu-se desconcertado e suas faces flamejaram de vergonha. Achou-o, se possível, ainda mais bonito e procurou as palavras certas para responder ao elogio.

"Foi uma escolha fácil", admitiu baixinho.
"M-mas como?", o príncipe questionou, mas o sorriso ainda brincava em seus lábios, insistente. "Alteza, quando desceu as escadas para receber minha família, eu... e-eu mal pude respirar. Pensei que devia ser um anjo ou uma ilusão causada pelos longos dias de viagem", confessou.
Tais palavras fizeram o estômago de Taehyung borbulhar. Lembrou-se do dia em que vira o príncipe Jeon pela primeira vez, três semanas antes, uma memória muitíssimo vívida.
Então, soltou uma risada frouxa pelo nariz.
"Você estava encharcado."
Naquela noite chovera muito, uma tempestade que deixou a estrada difícil e a viagem lenta. Vieram em carruagens requintadas, e todos os membros da família estavam secos e elegantes em seus trajes de luxo. Mas Jeongguk, como os cocheiros, estava molhado dos pés à cabeça.
“Yeoreum não gosta de puxar carruagens”, justificou, e um sorriso terno agraciou seu rosto ao olhar de esgueira para o cavalo. “Também não aceita outros cavaleiros. Ela pode ficar um tanto nervosa, então…", Jeongguk deu de ombros, "Não foi a melhor primeira impressão, hun?”
“É verdade que você molhou todo o salão”, Taehyung provocou num tom descontraído, e abriu um sorriso terno. “Por sorte, você fica muito charmoso com os cabelos pingando.”
“Neste caso, devo agradecer Yeoreum por ser tão teimosa”, Jeongguk soou lisonjeado, quase convencido, e mordeu o lábio rubro antes de deixar o sorriso escapar. “Se minha aparência o agradou, então valeu a pena todo o tempo na tempestade.”
As bochechas do príncipe Jeon, geralmente tão alvas, estavam completamente vermelhas. Taehyung riu baixinho, encantado.

“Garanto que causou uma primeira impressão memorável” o príncipe Kim confessou, lembrando-se da visão que era o jovem Jeongguk, ensopado, no meio do salão.
Já estava despido de sua capa e casaco, vestido em roupas casuais. O tecido escuro da camisa, grato, lhe colava sob a pele.

Taehyung engoliu em seco ao lembrar-se e, desobedientes, seus olhos seguiram o rosto jovem, a pele exposta do pescoço, os braços fortes, a cintura fina—
“Alteza?” Jeongguk pigarreou, chamando-lhe a atenção.

E, quando seus olhos alcançaram outra vez o rosto do príncipe Jeon, já não era vergonha ou timidez que transpareciam em suas feições. Encarou um rosto entretido, e ele soltou um riso leve.
Tinha as sobrancelhas erguidas, e um novo, flamejante brilho nos olhos escuros. Seu sorriso, antes tão discreto e amável, agora parecia malicioso. Ele pousou o olhar enevoado em sua boca, cheio de interesse, e Taehyung ouviu o próprio arfar tolo escapar pelos lábios entreabertos.
“H-hm?”, Taehyung gaguejou, incapaz de disfarçar as bochechas flamejando sob o olhar do príncipe. “Disse alguma coisa?”

Jeongguk soltou uma risada frouxa e negou com a cabeça.
“Apenas agradeci o elogio, meu príncipe” ele desviou o olhar para a grama e mordeu os lábios cereja. “Mas você pareceu distraído”.

Taehyung ouvia os batimentos cardíacos retumbando nos tímpanos, o corpo todo quente, trêmulo, vibrando de excitação e vergonha.
Céus! Como podia sentir-se assim sem que ele ao menos o tocasse?

“Você me distrai” admitiu, e encarou-o direto nos olhos negros, numa tentativa de resgatar os vestígios de sua dignidade. “E desde que o vi pingando no meu salão, alteza, confesso que torci para que me cortejasse.”
O comentário direto pareceu pegar o príncipe Jeon desprevenido e ele arregalou os olhos escuros.

“Jura?” perguntou, e Taehyung confirmou com a cabeça, constrangido. “Porque desejei cortejá-lo, imensamente, desde que o vi descer a escadaria naquele dia, e eu o desejei.”
“Imensamente?”, engoliu o nó na garganta.

“Taehyung...” ofegou, e o nome soava tão, tão bem em sua voz melódica. “Quando descobri que era você o príncipe-herdeiro, senti inveja de Jungpyo pela primeira vez na vida.”
Taehyung sentiu o estômago borbulhar, afoito, toda a sua apreensão se esvaindo pelos poros, o corpo todo preenchido pelo formigamento da euforia.

“Sem motivo”, sorriu, o rosto queimando. “Jamais considerei seu irmão, alteza, pois meus olhos estavam em você desde o princípio”
O príncipe Jeon passou a mão pelos cabelos longos, que lhe emolduraram o rosto.

“Penso que, então, devo cortejá-lo publicamente” sorriu tímido. “E se me julga apropriado, tentarei ser digno de ganhar sua afeição”

Taehyung soltou um suspiro tolo

“Já tem minha afeição, Jeongguk”
“Alteza, você…” murmurou baixo, as bochechas coradas, e desviou os olhos para o chão. “Sua sinceridade me pega desprevenido.”

“Me acha descortês?”

O príncipe Jeon imediatamente levantou o rosto, olhos amplos de receio.
Contudo, Taehyung sorria de canto, arisco. A própria pergunta era uma armadilha, pois o herdeiro Kim podia, sim, ser bastante descortês e o fazia com intenção.

“É perspicaz em suas falas e firme em suas ideias” disse Jeongguk, escapando da pergunta. “É autêntico.”
“Te acho cativante, Taehyung. Gostaria de ser capaz de falar assim, tão livremente.”

“E eu gostaria que falasse confortavelmente comigo, sem formalidades. Quero me casar com alguém que possa me dizer tudo o que pensa e sente.”

“Deveria começar agora?”

“Não vejo porquê não.”
“Pois bem. Confesso que não vim ao reino Kim com a intenção de me casar, alteza, mas desde que o vi não há nada que me agrade mais que a ideia de acordar todos os dias ao seu lado.” o príncipe Jeon admitiu com um sorriso inocente, e Taehyung arregalou os olhos,
sobrancelhas muito erguidas e lábios entreabertos, admirado com a súbita sinceridade. Jeongguk encarou-o com o olhar transparente, muito doce. “E quando diz que tenho sua afeição, sinto que meu pobre coração tenta fugir do peito.”
O príncipe Kim mordeu os lábios numa tentativa tola de conter o sorriso.

“Não queria se casar, não queria ser rei. E cá estou eu pedindo que faça ambos!” Taehyung alfinetou, a fim de testar o quão genuínas eram suas intenções.
Pesquisou pelo rosto do jovem príncipe, o olhar treinado analisando suas feições, mas apenas via uma ingênua honestidade.

“Você mudou todos os meus planos, alteza. A partir do momento que me seguiu até aqui e ofereceu-me tal proposta, só me resta uma certeza para o futuro”
“Que seria?”

“Não pretendo passar mais um dia sequer sem poder olhá-lo”

Ah, como ele se atrevia a fazê-lo se sentir de tal forma? Taehyung sentia o estômago borbulhar, o rosto fervendo. E o príncipe Jeon continuava a encará-lo, sincero, com aqueles olhos redondos e brilhantes.
Casar-se com um Jeon era um dever que, como herdeiro, Taehyung tinha de cumprir. Contudo, passar o resto da vida ao lado do belo príncipe não parecia, de forma alguma, um sacrifício.

“Então está decidido?” disse, tentando soar firme apesar do efeito causado pela proximidade.
“Vai se casar comigo, Jeongguk?”

O jovem príncipe Jeon sorriu, charmoso, e abaixou a cabeça. Taehyung prendeu a respiração ao sentir o toque dele pela primeira vez, as pontas dos dedos suavemente deslizando sobre os seus. Seu coração vibrava, afoito, e sentia a garganta seca.
Mesmo assim, não era do feitio do príncipe Kim admitir o nervosismo e ousou aconchegar os dedos longos na palma da mão dele, quase num desafio.

Jeongguk soltou uma risada amena, os olhos concentrados naquele gesto afetuoso, enquanto acariciava a pele do príncipe com o polegar.
“Yeoreum é teimosa, preciso ser firme nas rédeas para guiá-la. Minhas mãos são ásperas e calejadas.” disse, seu tom baixo e meigo. Inocentemente levou a mão de Taehyung até o rosto e fechou os olhos por um instante, apoiando os dedos sobre a face corada. A pele dele era quente.
“Sua mão é muito mais delicada que a minha, alteza. É uma honra que queira dá-la a mim.”

Então, sem aviso, o príncipe Jeon deixou-lhe um beijo suave e demorado bem no meio da palma da mão.
Taehyung ficou paralisado, a boca entreaberta e olhos amplos. Piscou os cílios castanhos, atônito. Jeon Jeongguk conseguiu deixá-lo sem palavras, e esta não era uma tarefa nada fácil.

“Vou anunciar minha decisão amanhã mesmo, durante o desjejum” ele sorriu, encabulado.
Ora, como o príncipe Jeon ousava seduzi-lo para, logo depois, olhá-lo de forma tão amável? Taehyung rendeu-se ao ímpeto de tocar os fios de cabelo negros que descansavam na maçã do rosto dele. Como resposta, o príncipe fechou os olhos e um suspiro calmo escapou de seus lábios.
Os lábios dele eram pequenos e rosados, muito convidativos, e o príncipe Kim pegou-se analisando seu formato por tempo demais.

“Deveríamos selar o acordo?” sugeriu, muito baixo, um pensamento que deixou escapulir, mas do qual foi incapaz de se arrepender.
“Taehyung—”

“Seria imprudência?”

Aproximou-se lentamente, os olhos fixos nos lábios entreabertos do príncipe Jeon, seus dedos descansando casualmente sobre a bochecha macia. Podia sentir o sopro morno da respiração dele contra o rosto, a pinta no queixo cada vez mais próxima.
Estava prestes a avançar sobre os lábios dele e enfim cobri-los com os seus mas, antes que pudesse, Taehyung ouviu-o sussurrar numa voz quebradiça:

“E-eu nunca fui beijado, alteza”
“Oh?” o príncipe Kim afastou sua mão do rosto jovem, certo de que havia passado dos limites, cego por seu desejo. “Sinto muito. Não quis agir de forma precipitada” disse, terrivelmente constrangido. “De qualquer forma, já anoiteceu e devem estar se perguntando on—”
“Ainda me parece surreal” Jeongguk interrompeu, de súbito, a respiração claramente descompassada. O olhar dele parecia perdido, as sobrancelhas franzidas, e Taehyung, inibido por seu embaraço, esperou em silêncio que ele continuasse.
“Até esta manhã eu imaginava que só poderia vê-lo ao longe, alteza. Pensei que seria obrigado a assisti-lo casar-se com meu irmão e que deveria me forçar a sorrir ao lhes desejar minhas felicitações.” admitiu, exasperado, rapidamente perdendo o fôlego, os olhos amplos cintilando,
“Até horas atrás eu tinha a certeza de que jamais poderia confessar meus sentimentos reprimidos. Agora, me oferece um beijo e eu estrago tudo por nervosismo e inexperiência!” bufou, claramente aborrecido, e o príncipe Kim não pôde refrear uma risada entretida.
“Vejo que acatou ao meu pedido sobre falar-me tudo o que pensa e sente.” observou, numa pequena provocação, o orgulho evidente em seu tom de voz.

Adorou saber que causava tal efeito em seu pretendente,
e seu coração palpitava, eufórico, cativado pela forma espontânea como o príncipe Jeon declarou seus sentimentos, num discurso cheio de emoção.

Jeongguk, contudo, parecia contrariado e seus lábios formavam um bico.

“Cegamente, eu diria. Ao ponto de ser insensato.”
“Insensato?” ergueu as sobrancelhas, curioso, analisando a expressão descontente no rosto do príncipe Jeon, suas feições bonitas transparecendo angústia. “Jeongguk, é duro demais consigo mesmo.”
“Ora, claro que sim... e como não seria, alteza? Me sinto tolo por ter aberto a boca num momento indevido e deixado passar a generosa oportunidade de saciar ao menos parte do meu desejo”
Ele passou a mão pelos cabelos negros, frustrado. Taehyung notou uma pinta localizada no lado esquerdo de seu pescoço e sentiu o estômago dar uma cambalhota, completamente atraído por mais aquele pequeno detalhe na aparência do jovem príncipe Jeon.
Céus. Pularia nele, se pudesse, mas o fracasso da primeira tentativa o impedia de testar a sorte mais uma vez e o príncipe conteve suas vontades.

“Suas palavras foram capazes de aflorar minhas emoções e incentivar meu afeto, tanto quanto um beijo faria. Posso garantir.”
O príncipe Jeon ergueu o olhar tímido em sua direção. Mesmo à parca luz do início da noite, era possível distinguir o rubor de suas bochechas e seu olhar acuado. Nada disse, e apenas o observou com profundo interesse, seus olhos negros e brilhantes.
Parecia restar, talvez, uma sombra de esperança.

“Temo que palavras sejam incapazes de demonstrar o que sinto.”

“E eu não ousaria precipitar-me outra vez. Mas, se te aflige tão grande incômodo,” Taehyung sorriu de canto. “Tem a permissão para roubar-me um beijo, Jeongguk”
Os olhos dele se ampliaram, e por segundos sustentou uma expressão de espanto. Piscou os cílios, o olhar ainda mais confuso do que antes. Hesitou por longos instantes, abriu e fechou a boca algumas vezes e, por fim, soltou um suspiro.
“E então?” Taehyung tentou encorajá-lo, em vão. Ele continuou estático, e o silêncio tenso ameaçava engolir a ambos. Ao não receber uma resposta, o príncipe Kim virou-se, decidido a se retirar, mortalmente constrangido por ser negado uma segunda vez.
“Espere”, Jeongguk disse, tocando-lhe de leve o pulso. “Não posso permitir que vá. Se minha insegurança vencer meu desejo, serei incapaz de perdoar-me”

O príncipe Jeon se aproximou e, num ato de coragem, tocou-lhe a face com o polegar.
Por reflexo, Taehyung fechou os olhos ao sentir o toque suave deslizar por sua bochecha e seu coração palpitou, aflito, à espera do beijo prometido.

Eram mornos, os lábios dele. Cobriram os seus num encontro terno e delicado.
O herdeiro Kim não ousou se mover, temeroso de que pudesse interromper o beijo contra sua vontade. Ficou, então, imóvel, e apreciou quando Jeongguk pressionou os lábios contra os seus com um pouco mais de intento, antes de libertar um longo suspiro.
Ele se afastou segundos depois e, ao abrir os olhos, Taehyung encontrou em suas feições uma expressão tão abobalhada que foi incapaz de conter um leve sorriso lisonjeado.
“Parece que seu desejo venceu” comentou, esforçando-se para manter a postura apesar das borboletas que voavam no estômago. “E também o meu.”

Virou-se sem aviso e, após poucos passos, montou em seu cavalo. Com o movimento brusco, o príncipe Jeon enfim acordou de seu transe.
“Já vai, sem ao menos se despedir?”

“Não há motivo para despedidas, Jeongguk”, sorriu, e desapareceu no caminho de volta ao castelo, deixando para trás um príncipe absolutamente desnorteado.

— ∘❁❃∘ —
Realmente, não havia motivos para despedidas.

Viram-se poucas horas depois, à mesa de jantar, e o amável Jeon Jeongguk corava de forma tão furiosa que a rainha Kim, preocupada, perguntou se por acaso ele não estava com febre.
“Não, majestade. Eu me sinto bem” garantiu, com a maior cordialidade, o que não impediu a rainha, incitada por seu forte instinto maternal, de dar-lhe amplas recomendações de saúde, que o jovem príncipe agradeceu efusivamente.
Taehyung assistiu à cena pelo canto do olho, o coração repleto de afeição pela forma como Jeongguk e sua querida mãe tratavam um ao outro. Torceu para que ninguém notasse que suas próprias bochechas queimavam, e passou o restante do jantar tentando não transparecer seus afetos.
Ao recolher-se em seus aposentos, o príncipe Kim mal podia acreditar no que ocorreu. Nem foi capaz de narrar os acontecimentos para Yeorin, sua maior confidente, pois tudo ainda parecia uma ilusão, e teve medo de acordar no dia seguinte para descobrir que não passara de um sonho
Taehyung planejou oferecer tal proposta de casamento ao jovem Jeongguk na esperança de, quem sabe, conseguir um acordo vantajoso para si.

Jamais imaginara que ele pudesse nutrir dos mesmos sentimentos, e custou a pegar no sono, ansioso para vê-lo de novo.
Como prometido, na manhã seguinte o príncipe Jeon ficou de pé durante o desjejum e fez seu anúncio com todas as formalidades adequadas à ocasião. Solicitou a mão de Taehyung em casamento e, dada a permissão do rei e da rainha Kim, oficialmente tornou-se um de seus pretendentes.
Sua voz firme e suas palavras cheias de sofisticação evidenciavam que ele planejou cada detalhe do discurso durante a noite, e mostrou-se seguro. Contudo, Jeongguk não pôde controlar o rubor que ganhou seu rosto, e o príncipe Kim precisou morder o lábio para segurar o sorriso.
As duas famílias foram incapazes de esconder a surpresa pela notícia repentina, mas não se opuseram ao novo pretendente.

Jeon Jungpyo, por outro lado, ao menos tentou disfarçar sua irritação e, num tom cheio de arrogância, comentou:
“Que tolice seria o único herdeiro Kim escolher o jovem Jeongguk, sem posses ou perspectiva, no lugar do primogênito Jeon, primeiro na linha do trono!”

“Eu diria que seria uma tolice você, Jungpyo, estar assim tão seguro sobre minha decisão”, alfinetou Taehyung, descontraído.
A espontaneidade de sua personalidade, naturalmente alegre, disfarçava seu desdém pelo príncipe mais velho. Teve de morder a língua para não responder Jungpyo de forma mal educada, já que seria imensa imprudência causar discórdia com o futuro rei Jeon.
Felizmente, Jungpyo era tão cheio de si que não levava seus comentários maldosos a sério.

Taehyung queria, é claro, aceitar de imediato o pedido de Jeongguk. Todavia, seria repentino demais e, também, faltaria em consideração com o terceiro pretendente, o gentil Jeon Kyunjae.
Então, o herdeiro Kim respondeu apenas que sentia-se lisonjeado pelo cortejo e precisaria de um tempo para pensar sobre tão distintos candidatos.

Contudo, foi um pouco mais tarde naquela manhã que Taehyung pôde estar novamente à sós com o único dono de seus afetos.
Pintava na beira do lago, como era seu costume após o desjejum, e sorriu ao ver o príncipe Jeongguk cavalgando em sua direção. Ele se aproximou e desceu de Yeoreum, mas nada disse.

“Cansado de me observar à distância, 𝑎𝑙𝑡𝑒𝑧𝑎?” provocou, os olhos fixos na tela que pintava.
“Não sei como poderia cortejá-lo à distância, agora que me tornei oficialmente um dos pretendentes à sua mão.”

A frase, pouco mais alta que um sussurro, provocou um forte calafrio, e o príncipe sentiu o rubor esquentar suas bochechas.
Taehyung abaixou seu pincel e virou-se para ele. Ergueu as sobrancelhas ao encontrá-lo segurando um arranjo de flores do campo, sofisticado em sua simplicidade, pequenas florzinhas amarelas e brancas amarradas com um bonito laço de cetim.
“Já era meu escolhido antes mesmo de ser um pretendente” disse ao aceitar o arranjo e analisou as flores, cheio de ternura. “Mas não posso negar que me agrada seu cortejo e aprecio muito o presente. São lindas. Você mesmo as colheu?”
“Sim, mas não fiz o arranjo” confessou, tímido, e o príncipe Kim o encarou com curiosidade. “Fui até a vila e pedi a uma talentosa senhorita para que me fizesse um buquê adequado”

“Foi até a vila?” Taehyung não conseguiu esconder o espanto em sua voz. “Esteve com os aldeões?”
Analisou Jeongguk de cima a baixo. Como sempre, o jovem príncipe usava vestes confortáveis, apesar de serem notáveis os tecidos de alta qualidade. Poderia, talvez, transitar como um nobre comum, sem a suspeita de ser um príncipe de Jeon e muito menos noivo do único herdeiro Kim.
Todavia, tanto pela cordialidade de seus modos quanto pela impactante beleza de seus traços, Jeon Jeongguk não passaria despercebido na vila.
“Estive, sim. Na verdade, fui à vila algumas vezes nas últimas semanas. Seu povo é muito acolhedor.” ele esclareceu, e o príncipe Kim continuou o encarando em silêncio. “O ofendo?”

“De forma alguma. É, pelo contrário, uma característica que aprecio muito.”
Era, na verdade, bem mais que apreço. Seus sentimentos se afloravam o quanto mais conhecia Jeongguk, que além de belo, gentil e forte, era também modesto.

“Que bom” Jeongguk suspirou, aliviado. “Prometi a uns camaradas que voltaria amanhã e detestaria decepcioná-los.”
“Uns camaradas?” Taehyung sorriu, entretido. “Como podem dois irmãos terem tão enorme diferença de caráter? Não consigo nem imaginar Jungpyo perto da vila sem a expressão pavorosa de quem está prestes a ser infectado com uma doença terminal.”
Jeongguk deu uma gargalhada macia de incredulidade e concordou com a cabeça. Então, passou a mão pelos cabelos negros e o encarou com olhos profundos e brilhantes, de puro interesse.

“Meu príncipe, como é possível que uma boca doce como a sua guarde uma língua tão arisca?”
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