Para variar, tem Militante (com maiúsculas) tripudiando o fato de que o brasileiro médio, dado o aumento do preço, está se vendo obrigado a retirar a carne do seu cardápio diário. Impressionante como o povo não para um segundo para ver o contexto das coisas.
Quem é novo não lembra, mas até bem pouco tempo o consumo de carnes era artigo de luxo no Brasil. A incorporação de frangos ao cardápio diário do brasileiro médio foi uma das consequências do Plano Real. Carne de boi é resultado da era Lula.
Eu, criança dos anos 80, só via carnes no prato aos fins de semana ou quando algum frango do terreiro dos meus avós morria. Eu lembro até hoje do dia em que comi presunto pela primeira vez.
Tripudiar aquele que não pode comprar carne para alimentar seus filhos é tripudiar da miséria alheia, do sofrimento e do constrangimento de um pai ou de uma mãe que não pode dar aos filhos o que considera um alimento de prestígio.
E veja só, não estou aqui defendendo uma virgula da industria animal, estou apenas afirmando que esse tipo de crítica imbecil mira sempre no mais fraco. No fim, trata-se apenas de um exercício de autopromoção, de se colocar em um patamar superior.
Enquanto você ri do sujeito que não pode comprar carne a industria animal fatura mais do que nunca, afinal, a máquina continua funcionando a pleno vapor, só voltou suas atenções para a exportação.
Ou seja, basicamente permanece o sofrimento dos animais, a destruição ambiental, as relações de exploração humana que esse tipo de industria promove, pior, é estimulada, o setor vai crescer. Enquanto isso, você, Militante, se sente melhor rindo de quem é mais pobre.
Afinal, "carnista tem mais é que se foder" - como escreveram para mim outro dia -, né?