No sábado conversei com os alunos de design gráfico da @faculdademelies e o tema da minha fala foi "Além da marca: design autoral e protesto". Vou fazer um fio com as principais referências e links, como prometi pra eles.
#designgrafico #graphicdissent #designativista

Segue:
Como comecei me apresentando, deixo aqui os links para meu site e meu @Behance:

http://www.johnnybrito.com 
http://www.behance.net/johnnybrito 
E se quiserem acompanhar o trabalho do @vertentesco ( @twitdaclara + eu), esse é o nosso @ por aqui e no instagram. Tem também o nosso site:

http://www.vertentescoletivo.com 
Pra mim é mt importante entender DESIGN COMO INTERFACE e quem trabalha bem esse tema é o Gui Bonsiepe, designer alemão que atuou na Am. Latina por várias décadas.
Do material ao digital (livro): https://bit.ly/2qOQkiV 
@99piorg sobre Cybersyn (no Chile): https://bit.ly/36cOM2r 
Bonsiepe afirma que o design é interface, esse espaço que existe onde os atores do processo interagem, como demonstrado no Diagrama Ontológico do Design. Pra mim, isso nos liberta da visão do design como mera ferramenta visual e estratégica para o mercado.
“a interface revela o caráter da ferramenta dos objetos e o conteúdo comunicativo das informações. A interface transforma objetos em produtos. A interface transforma sinais em informação interpretável. A interface transforma simples presença física em disponibilidade.” - Bonsiepe
Designer como autor? Isso foi abordado no debate entre Crouwel e Van Toorn (Holanda, 1972). Discute-se se o designer altera ou não uma mensagem que tem um destinatário terceiro.
The Debate (livro): https://amzn.to/2MRKki6 
Ep. do #Diagrama sobre o assunto: https://bit.ly/2PplqIj 
A @ellenLupton discute ainda o designer como produtor. Um designer autor precisa se apropriar e navegar pelo seu conteúdo para que possa produzir. O que vc, como designer, tem a dizer?

The designer as producer: https://bit.ly/2qRbDAx 
"Para que o designer se torne um produtor,
ele deve ter as habilidades necessárias para começar a
dirigir o conteúdo, navegando criticamente nos sistemas sociais, estéticos e tecnológicos pelos quais as comunicações fluem.” - Lupton
O design gráfico tem uma relação mt antiga com a política. No texto A Gráfica da Ação, Chico Homem de Mello diz que “se a revolução é feita nas ruas, é para as ruas que a gráfica militante deve ir: assim nasce o cartaz político.”
No episódio do #Diagrama "Design de Protesto", @rogeriolionzo, Rafael Bessa e Camila Rosa discutem o assunto, passando pelo momento que o país vivia na época (julho de 2018).

https://bit.ly/2NmtmqT 
Um raro registro da produção BR de cartazes feitos durante a ditadura militar tá no excelente Os Cartazes Desta História, do Instituto V. Herzog, com projeto gráfico do mestre #KikoFarkas.
Livro: http://bit.ly/31T1VKT 
Proj. Kiko Farkas/Máquina Estúdio: http://bit.ly/2MUaKj8 
O livro Citizen Designer, de Steven Heller e Veronique Vienne reúne, mais de 70 ensaios de vários autores que discutem ética e o "designer cidadão", um agente de transformações sociais capaz de causar impacto bom ou ruim.
Citizen Designer (livro): https://amzn.to/2Ju190g 
"O designer deve ser profissional, cultural e socialmente responsável pelo impacto que seu design tem sobre a cidadania." - Heller
Nesse contexto de design e política (no caso, estadunidense), a @AIGANY lançou em 2017, após a eleição de Trump em 2016, a iniciativa Citizen Designer Now! "para conectar e capacitar designers a agir no ambiente político volátil de hoje."

http://www.citizendesignernow.org/ 
A seguir, vou trazer alguns poucos e bons exemplos onde o design gráfico foi usado como ferramenta de expressão social. Existem muitos outros, tem os russos, os cartazes cubanos...
(Se alguém tiver exemplos legais na África, Ásia, fora desse eixo América/Europa, por favor mandem)
Emory Douglas (EUA, anos 1960/80).
Designer gráfico e ilustrador, Ministro da Cultura do Black Panther Party. Seu trabalho no jornal do partido e em cartazes impactou uma geração e ainda é referência.

Minidoc da Dress Code sobre ele: http://vimeo.com/128523144 
Chicago Women's Graphic Collective (EUA, anos 1970/80)
Foi um coletivo de artes gráficas e design responsável pela produção de diversos cartazes com mensagens políticas feministas para a Chicago Women’s Liberation Union.
+ https://backspace.com/notes/2002/10/the-chicago-womens-graphics-collective.php
Maio de 68 (França, 1968)
Em maio de 1968, alunos e professores de Paris ocuparam
a tradicional escola de Belas Artes e deram início à produção de centenas de cartazes que serviram para mobilizar grevistas e militantes.

+ https://glo.bo/2JuYSSJ 
Abaixo a Ditadura (Brasil, anos 1960/80)
Durante os anos de Dit. Militar no BR foram produzidos inúmeros cartazes com mensagens de protesto, união e resistência. Além dos cartazes produzidos por aqui também existiu uma vasta produção feita no exterior, em apoio à luta brasileira.
Movimiento de Liberación Gráfica de Madrid y Barcelona (Espanha, 2015)
Em Madri e Barcelona, ilustradores, designers e artistas gráficos colaboraram p/ produzir imgs e cartazes de campanha para as únicas duas candidatas progressistas do pleito. Venceram!
+ https://mlgmadrid.tumblr.com/ 
#INIMIGOPUBLICO (2018)
Série de cartazes lambe-lambe de protesto e memória, produzida por nós do @vertentesco. No contexto de ano eleitoral, nosso objetivo era lembrar quem já disse o que e quem se posicionou contra o povo brasileiro.

+ http://www.vertentescoletivo.com/inimigo-publico 
Mas o #INIMIGOPUBLICO não surge no vácuo. Alguns meses depois, começam a aparecer grupos como o @designativista, que reúne designers e ilustradores de todo o país para criar imagens de apoio a causas urgentes e, naquele momento, ser resistência ao avanço do Bozo. #ELENÃO
Após a eleição do Bozo, estávamos todos em cacos. Pessoalmente, eu mal conseguia ler e falar sobre o assunto por algumas semanas. Somando-se a isso, um grave problema pessoal me abateu por um tempo. Foi uma merda, né?
Vindo de um período intenso como #INIMIGOPUBLICO, senti necessidade de criar p/ mim mesmo algo mais silencioso, um respiro, um lamento...mas também algo que trouxesse à memória a esperança, lembrando do que já passamos como país e o papel que a MPB teve na resistência.
#Tipoversos (2018-19)
Série de cartazes prod. pelo @vertentesco. São 15 peças que apresentam versos de músicas BR compostas entre os anos 1960 e 2010, além de desenhos feitos em linha que ilustram, de forma abstrata, o assunto tratado em cada canção.

+ http://www.vertentescoletivo.com/tipoversos 
Encerrando, ousei dar algumas dicas para quem está iniciando no Design Gráfico. Velho adora dar conselho.
E é isso. Espero ter contribuído um pouco na discussão desse tema tão importante pra mim. Se quiser, pode me chamar pra falar sobre isso, vou adorar :D
Alguma pergunta?
Mandem mais informações, links, etc...vamos expandir o debate!
You can follow @johnnybrito.
Tip: mention @twtextapp on a Twitter thread with the keyword “unroll” to get a link to it.

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